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UM I&D
Vanessa Batista

Academia 14.11.2019 18H00

Fagos encontrados em esgotos podem vir a substituir antibióticos

Escrito por Vanessa Batista
Joana Azeredo, investigadora do Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, fala aos microfones do UM I&D sobre esta nova terapia que utiliza bacteriófagos.

E se a resposta às infecções crónicas causadas por bactérias resistentes a antibióticos estivesse "escondida" nas Estações de Tratamento de Águas Residuais e em esgotos? O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho (CEB) está a desenvolver uma nova forma de tratar infecções graves e resistentes a antibióticos. A solução está na utilização de bacteriófagos, vírus que são capazes de matar e inibir o desenvolvimento de bactérias. Trata-se de uma terapia que neste momento não está autorizada em Portugal, mas já é utilizada em países como a Bélgica, França e Holanda. 


Portugal é o 4º país da Europa com as mais altas taxas de mortalidade por infecções crónicas. Só em 2015 faleceram 1.158 pessoas. 


Joana Azeredo é a investigadora convidada desta noite no programa UM I&D. Aos microfones da Universitária, a investigadora revela que os bacteriófagos, fagos, "são vírus que parasitam e infectam especificamente bactérias com o seu material genético. Esse material acaba por codificar a produção de novas partículas virais que vão rebentar as células bacterianas". Este é o funcionamento da terapia fágica. 


Estes vírus só actuam sobre bactérias e são, por essa razão, inofensivos. No fundo os bacteriófagos são agentes "antimicrobianos" que podem vir a ser uma alternativa ou complemento ao uso dos antibióticos. Joana Azeredo sublinha que esta terapia pode ser um mecanismo eficaz para "revitalizar o uso dos antibióticos" que é, segundo a investigadora, uma "arma fantástica que foi mal utilizada". 

No entanto a terapia fágica é uma terapia "personalizada" em que há um bacteriófago específico para um doente e para uma infecção. Este é, portanto, um dos factores que faz com que o tratamento ainda não esteja disponível no nosso país. Joana Azeredo refere outro aspecto fulcral, "o enquadramento legal". 


Neste momento o CEB conta com uma biblioteca com milhões de fagos identificados. A meta do centro passa por desenvolver um novo tipo de fagos sintéticos, manipulados geneticamente, e assim melhorar as suas propriedades no combate a doenças crónicas. Os fagos serão testados in vivo para depois poderem ser utilizados na chamada terapia fágica. Recorde-se que o CEB recebeu 175 mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para desenvolver o estudo nos próximos três anos. 


Fagos específicos para tratar doenças crónicas respiratórias, feridas crónicas e infecções urinárias, no fundo infecções "persistentes que são melhoradas com o uso de antibióticos". 

Contudo, esta terapia não é 100% eficaz. Um dos pontos fracos dos bacteriófagos está no facto das bactérias conseguirem desenvolver mecanismos de resistência aos mesmos. "A sua actuação acaba por ser limitada no tempo", refere. 

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