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Liliana Oliveira

Academia 23.02.2021 07H00

CRUP desafia Governo a transformar edifícios públicos em residências universitárias

Escrito por Liliana Oliveira
Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas apela à reabilitação do parque de residências universitárias e pede ao Governo que integre no Plano de Recuperação e Resiliência verbas para reforçar apoio social.
Declarações de António de Sousa Pereira, presidente CRUP, e João Carvalho, dos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto

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O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) quer que o Plano de Recuperação e Resiliência tenha verbas para reforçar o apoio social. Esta segunda-feira, no webinar “contributos do Ensino Superior para o PRR”, o presidente deste Conselho, António de Sousa Pereira, lembrou o Governo que a pandemia potencia o abandono escolar e diz ser preciso criar mecanismos para evitar que despesas como o alojamento façam os estudantes deixar as universidades.


"Se queremos que aumente a percentagem de estudantes que frequentar o Ensino Superior temos que ter um investimento muito forte na ação social. Um estudante universitário gasta cerca de 60 euros por mês em propina, mas gasta entre 300 e 500 euros para alugar um quarto", realçou.


Há muito que os estudantes universitários se queixam da falta de oferta e de condições nos alojamentos. São cada vez mais escassas as vagas em residências universitárias e, por isso, o Governo prometeu mais 15 mil camas até 2026, havendo um pacote financeiro na ordem dos 375 milhões de euros para esse fim. Do lado dos privados, a oferta também deverá crescer, estando previstas mais cinco mil camas, com preços para todas as bolsas. 


"A construção de novos equipamentos não se faz de um dia para o outro, mas poderá haver medidas para aumentar essa oferta através, por exemplo, da aquisição de equipamentos públicos, como pousadas da juventude ou unidades hoteleiras desativas. Há várias soluções para atacar este problema e poderão ser aproveitadas as medidas contempladas neste programa", afirmou João Carvalho, dos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto.


O responsável sublinhou ainda a necessidade de requalificar o parque de residências universitárias, que, com mais de 20 anos, "sofre de problemas estruturais". "Há necessidades urgentes de reabilitação e isso tem custos que as instituições têm muita dificuldade em suportar através dos próprios orçamentos. A situação atual das residências compromote a prestação desse serviço com a qualidade desejável. Há necessidade dos estudantes terem nas residências, por exemplo, a possibilidade de os estudantes confecionarem as suas refeições e há necessidade de intervir ao nível do edificado", acrescentou. 


"Alojamento é um aspeto relevante na capacidade de atração de estudantes nacionais e internacionais"


João Carvalho lembrou que "o alojamento é um aspeto relevante na capacidade de atração de estudantes nacionais e internacionais e se as condições não são compatíveis com os padrões de exigência desses estudantes a procura será cada vez menor". "Quer a construção de novas residências, quer a recuperação das existentes só é possível se forem subsidiadas", finalizou. A Universidade do Porto encomendou um estudo à faculdade de Economia, que demonstra que "mesmo que a universidade disponibilizasse os terrenos, os custos de contrução, com juros e com recurso a crédito bancário por 20 anos, tornaria inviável o projeto, dado que, mesmo que os juros fossem suportados, haveria necessidade de um investimento, para uma residência com 150 quartos, de três milhões e 800 mil euros". João Carvalho lembrou que a situação é idêntica nas cantinas, não só ao nível estrutural como na adaptação aos novos hábitos alimanres dos jovens.


Em 2020, havia 12.460 camas disponíveis em residências universitárias do país. Na Universidade do Minho a oferta em 2020/2021 é de 1.283 camas públicas (menos dez do que no ano letivo passado). Em algumas cidades o número de camas para estudantes aumentou, muito por culpa dos alojamentos que deixaram de ser absorvidos pelo turismo, devido à pandemia da Covid-19. O custo médio do alojamento é de 212 euros, "um peso muito grande no custo de frequência no Ensino Superior", salientou João Carvalho.


Para o responsável pela ação social da U. Porto, "o investimento na melhoria destas infraestuturas terá benefícios para os estudantes e famílias, uma vez que ajuda a reduzir os custos de frequência no ensino superior, e seria importante para as universidades cativar estudantes, bem como para a sociedade que ao apoiar a formação de mais jovens combate o abandono e o insucesso escolar".



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