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Liliana Oliveira

Academia 07.05.2021 11H44

Docente da UMinho apresenta livro dedicado a Alfredo Guisado na Galiza

Escrito por Liliana Oliveira
“Alfredo Guisado. Xente d'a Aldea e outros textos das orixes", de Carlos Pazos-Justo, do Instituto de Letras e Ciências Humanas é apresentado esta sexta-feira, às 19 horas, no auditório de Ponteareas, em Pontevedra, Galiza.  
 Carlos Pazos-Justo sobre a sua mais recente obra

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“Alfredo Guisado. Xente d'a Aldea e outros textos das orixes", de Carlos Pazos-Justo, professor do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, é apresentado esta sexta-feira, na Galiza.


Depois de ter dedicado as teses de mestrado e doutoramento ao poeta, político e jornalista, que lhe valeu  o Prémio de Investigação Linguística e Literária “Carvalho Calero”, o docente explicou que este livro está dividido em diferentes secções, nomeadamente "a trajetória vinculada ao percurso da colónia galega em Lisboa, uma área ligada à sua intervenção literária e ao seu percurso político; há também uma coletânea de versos, que publicou em Lisboa em 1921, e outros textos literários, que foram publicados por diferentes revistas de Portugal e Galiza e uma última secção, denominada textos de intervenção, relacionados com questões políticas, ideológicas ou culturais". 


 A publicação visa o público em geral e inclui meia centena de imagens pessoais (muitas inéditas), cartas, recortes de imprensa e ilustrações. Há ainda uma abordagem biográfica, bibliográfica e do contexto social, político e cultural da época, além de testemunhos do alcaide local e da própria família de Guisado.


Para Carlos Pazos-Justo o escasso reconhecimento de Alfredo Guisado deve-se "às posições políticas que ocupou em Portugal, depois do golpe de Estado de 1926". "A sua posição foi mais ou menos tolerada, o que não lhe permitiu afirmar-se como autor ou poeta do Orpheu", acrescentou. 


Para o autor, Guisado contribuiu para enobrecer a imagem da comunidade galega em Lisboa e iniciou na Galiza a internacionalização do modernismo literário português. Este foi, aliás, o principal movimento cultural português do século XX e teve um palco privilegiado no restaurante dos pais de Guisado, o “Irmãos Unidos”, em pleno Rossio. Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros, entre outros, definiram aí estratégias, juntaram materiais e obtiveram até apoio económico para editar a revista-ícone “Orpheu”.


Alfredo Guisado lançou como autor 17 livros de poesia, de prosa e infantojuvenis, usando também o pseudónimo Pedro de Menezes. Como jornalista, foi diretor-adjunto do diário “República” e colaborou no “Rebate”, “Século”, “El Tea” e em várias revistas. E como político foi o primeiro deputado luso-galego no Parlamento (1925), governador civil de Lisboa, “vice” do Município de Lisboa e presidente do Conselho Geral das Juntas de Freguesia de Lisboa. 

Militante do Partido Republicano, opôs-se à ditadura com crónicas na imprensa e sátiras sob o pseudónimo João de Lobeira ou Domingos Dias Santos; seria preso durante três dias, após o golpe de Estado de Gomes da Costa, em 1928. Foi ainda dos primeiros licenciados em Direito na Universidade Clássica de Lisboa, mas exerceu advocacia só a título gratuito para os pobres. 


A vida e obra do “injustamente esquecido” Alfredo Guisado (1891-1975) é apresentada esta sexta-feira, às 19h00, no auditório de Ponteareas, em Pontevedra, Galiza. A sessão faz parte do festival cultural luso-galego “Convergências”.

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