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Pedro Magalhães

Cultura 15.01.2021 07H00

Fecho das salas de espetáculo e abertura de missas criam dúvidas na cultura local

Escrito por Pedro Magalhães
Diretores artísticos de Theatro Circo e A Oficina questionam diferença de critérios pela parte do Governo.
Paulo Brandão e Fátima Alçada em declarações à RUM

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Os diretores artísticos do Theatro Circo, em Braga, e da cooperativa cultural A Oficina, em Guimarães, têm reservas quanto à decisão do Governo de fechar as salas de espetáculo e manter em funcionamento outras atividades, como as cerimónias litúrgicas, na sequência das novas medidas de restrição para travar o aumento de contágios de Covid-19.


"Tenho algumas dúvidas em relação ao facto de ser possível assistir a eventos religiosos e não ser possível assistir a espetáculos quando, em termos estruturais, é praticamente a mesma coisa", diz à RUM Paulo Brandão, responsável do Theatro Circo.


Também Fátima Alçada, d'A Oficina, questiona a razão para o funcionamento das salas de espetáculo não estar no meio de "tantas exceções" e recorda que "todas as salas demonstraram, ao longo dos últimos meses, um cumprimento rigoroso de todas as normas de segurança".


O certo é que, pelo menos até dia 30 de janeiro, as salas são obrigadas a fechar, já depois do encerramento entre março e junho passados, situação que se reflete nas receitas de bilheteira. 


Paulo Brandão reconhece que "com todas as vicissitudes tem sido difícil cumprir o encaixe financeiro da bilheteira", enquanto Fátima Alçada lembra que, mesmo após a reabertura das salas em junho, a lotação ficou restringida a metade.


Apesar da forte quebra nas receitas, Paulo Brandão recorda que o Theatro Circo é uma empresa municipal, estando por isso "tranquilo" em relação ao futuro, num sentimento partilhado por Fátima Alçada. A diretora artística da cooperativa municipal vimaranense assinala a "responsabilidade social muito grande" d'A Oficina, garantindo que há a indicação superior de que as obrigações serão cumpridas, "ainda que com muito esforço".



Salas do distrito cancelam espetáculos

A decisão do Governo de fechar as salas obrigou ao cancelamento de inúmeros espetáculos pelo distrito. Em Braga, o Theatro Circo anunciou o cancelamento dos oito espetáculos previstos entre os dias 15 e 30 deste mês: o concerto de B Fachada, que pela segunda vez no espaço de dois meses vê o seu concerto cancelado na sala bracarense, no dia 15, de JP Coimbra, no dia 16, o filme As Verdadeiras Mães, no dia 18, os concertos de Barry White Gonne Wrong e de Gator, the Alligator, nos dias 22 e 23, respetivamente, o filme Siberia, no dia 25, a peça Calígula, entre os dias 27 e 29, e o concerto de Marta Ren, no dia 30.


Em comunicado, a sala informa que o reembolso de bilhetes adquiridos para os espetáculos cancelados deve ser feito no período máximo de 30 dias nos respetivos pontos de venda.


Em Guimarães, o GUidance foi cancelado, anunciou Fátima Alçada. Além do festival de dança, o concerto de Manel Cruz, previsto acontecer no Vila Flor no dia 23 de janeiro, foi cancelado. De acordo com a responsável d'A Oficina, o concerto será reagendado para último trimestre do ano.


Em Famalicão, a Casa das Artes comunicou o cancelamento da programação de janeiro, que incluia a peça de teatro “À Espera de Godot”, no dia 15, a exibição dos filmes Os Esquecidos e Querido Diário, nos dias 15 e 16 respetivamente, o concerto de Álvaro Costa e Isabel Romero, no dia 17, a peça Maria, a Mãe, nos dias 22 e 23, a peça Noite de Primavera, no dia 29, e o concerto de Manuel João Vieira, no dia 30.


À RUM, antes de serem conhecidas as restrições do novo estado de emergência, o diretor da Casa das Artes, Álvaro Santos, considerara que as salas de espetáculo “são um espaço de segurança” e não deviam ser incluídas no novo confinamento.

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