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Pedro Magalhães

Nacional 14.08.2020 07H30

Instagram mais usado como fonte de notícias. "Há um risco grande de não se saber o que se passa à volta"

Escrito por Pedro Magalhães
A informação visual e apelativa parece colher cada vez mais adeptos entre as franjas mais jovens.
Luís António Santos explica, à RUM, cruzamento entre redes sociais e conteúdo noticioso

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Durante o período mais crítico da pandemia do novo coronavírus, jovens entre os 18 e os 24 anos dos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Argentina e Coreia do Sul viram no Instagram o meio mais indicado para o consumo de notícias, segundo revela um estudo do Reuters Institute.


A informação visual e apelativa, indica o estudo, pareceu colher adeptos entre as franjas mais jovens, e a RUM tentou compreender, junto de Luís António Santos, especialista em comunicação e professor na Universidade do Minho, os motivos para a tendência. 


O especialista lembra que "as redes sociais, já se sabia, eram um espaço privilegiado no encontro entre os interesses específicos de cada um e o jornalismo", mas nota que o Instagram, uma plataforma que surgiu com uma identidade predominantemente visual, "está a adquirir uma outra potencialidade, o que faz com que as empresas jornalísticas comecem a trabalhar nessas plataformas".


No Instagram as notícias podem surgir através de páginas dos próprios meios de comunicação social convencionais, como jornais, rádios e televisões, mas também mediante aquilo que amigos e celebridades publicam. Neste aspecto, Luís António Santos considera que o caminho é ambíguo: pode ser benéfico, pela imensidão de escolha, mas também perigoso, ao se fecharem portas ao invisível.


"Há, de facto, uma progressão que leva, por um lado, a um aumento de um potencial extraordinário para se ser uma pessoa muito bem informada mas também para se ser uma pessoa muito desinformada. Se escolher só seguir, por exemplo, vedetas ou páginas de áreas específicas sobre as quais tenho interesse, desconsiderando tudo o resto, corro o risco grande de não saber o que se passa à minha volta", alerta.


Também as redes sociais, de acesso gratuito, têm retirado potenciais leitores, ouvintes e telespectadores aos meios de comunicação social. Se jornais como o New York Times, que registam milhões de subscritores no online, utilizam as redes para promover um tipo de conteúdo distinto da peça jornalística convencional, em Portugal, por exemplo, a comunicação social ocupa as redes para cativar audiência.


"Há cinco, sete ou dez anos pensava-se que as redes sociais podiam ser uma fonte de rendimento extraordinária mas hoje em dia já toda a gente tem a certeza que não são. A presença dos media nas redes é apenas por constatarem que é aí que estão os seus potenciais clientes".


O especialista alerta que o modelo de financiamento dos media nacionais terá de ser revisto, lembrando que "o problema de fundo está a tentar ser resolvido pela União Europeia, através de acordos com as grandes empresas das redes sociais para que estas subsidiem os meios de comunicação nacionais".


Miguel Poiares Maduro, antigo ministro de Passos Coelho com a tutela da comunicação social, defende que o Estado podia oferecer assinaturas digitais aos leitores, através de uma dedução de impostos.

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