O jornalista e escritor Miguel Carvalho está esta sexta-feira em Braga para apresentar o livro 'Por Dentro do Chega – A face oculta da extrema direita em Portugal'. A sessão, organizada pela Livraria Centésima Página, onde se pretende dar a conhecer "um retrato mais aprofundado dos bastidores e das profundezas do Chega" está agendada para as 21h30, no Mercado Municipal de Braga e conta com a presença do autor e a apresentação de Abel Coentrão e Paulo Sousa.

À RUM, Miguel Carvalho revela que, ao contrário de várias opiniões que ia ouvindo, inclusive de colegas de profissão, tinha a perceção já em 2020 "de que isto não ia ser um fenómeno passageiro". Esta certeza chegou até si em primeira mão uma vez que tinha a disponibilidade para investigar o assunto profundamente. "Andava muito no terreno e falava com muitos eleitores e conhecia relativamente bem o país", diz.

"Quando chegamos a 2021, já com o Chega consolidado de outra maneira, e sobretudo a partir da eleição dos primeiros 12 deputados, para mim foi claríssimo que alguma coisa eu teria que fazer para ficar, pelo menos como memória para o futuro, sobre este período complicado para a democracia que estamos a viver", confessa.

Ainda que o livro comece com " um perfil bastante aprofundado do próprio André Ventura e do Chega", o jornalista assegura que 80% deste trabalho "tem que ver com o fenómeno, como é que ele foi fundado, como cresceu e vai até as eleições legislativas de maio".

Suportado em entrevista a antigos e atuais dirigentes e militantes do Chega, e "milhares de páginas internas, para não falar dos documentos públicos", o livro é um retrato "o mais aprofundado possível sobre como é que este partido nasceu, se desenvolveu e chegou aos patamares que chegou", diz.

O propósito deste trabalho nunca foi "ensinar o que é que os apoiantes do partido deviam fazer ou deixar de fazer". Com isto, Miguel Carvalho também não pretende "legitimar" o fenómeno, mas antes "compreender as origens complexas do voto eleitoral do Chega" e resolver o problema "que este partido trouxe à democracia".

Livro já vai na sétima edição com 30 mil exemplares já impressos

A receção tem sido muito boa e, de certa forma, "um bocadinho irreal" para as expectativas do jornalista. Se, por um lado, o apoio do público "crítico a este fenómeno seria óbvio", por outro, a presença nas sessões de apresentação e os "ecos de militantes e eleitores do Chega que prometeram ler o livro com todo o espírito crítico" é uma surpresa agradável para Miguel Carvalho.

"Todos nós temos um familiar, um amigo, um colega de trabalho que, se calhar, eleitoralmente, se inclinou para ali. Temos vários almoços e jantares onde este é o tema principal e, portanto, acho que o livro também está de alguma maneira a beneficiar disso", diz.

O livro já saltou para a sétima edição num espaço de apenas dois meses com 30 mil exemplares já impressos.

Depois desta sessão, as apresentação do livro multiplicam-se pela região. As próximas já estão marcadas para sábado, às 18h00, no espaço livraria-café "Rimas e Tabuadas" e, às 21h00, na Sociedade Martins Sarmento, ambas em Guimarães.