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Vanessa Batista / RUM
Vanessa Batista

Regional 13.01.2021 18H23

Sobreposta é por estes dias um "campo de batalha" para 28 jovens

Escrito por Vanessa Batista
Até sexta-feira, 15 de Janeiro, estão a decorrer os exercícios finais dos Cursos de Formação Geral Comum de Praças do Exército do Regimento de Cavalaria Nº6.
REPORTAGEM

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Estão a decorrer, até esta sexta-feira, os exercícios finais de campo do 8º e 9º turno dos Cursos de Formação Geral Comum de Praças do Exército do Regimento de Cavalaria nº6 em Sobreposta, nas imediações do Parque Industrial, em Braga.


No total são 28 os elementos em formação. O 8º turno conta com 10 soldados graduados dos quais 8 são do género masculino e 2 do género feminino. O 9º turno é composto por 18 soldados graduados, sendo 16 homens e 2  mulheres.


A RUM acompanhou o terceiro dia de formação destes jovens com idades entre os 18 e os 24 anos.


Aos jornalistas, o Comandante de Esquadrão de Formação, Fábio Silva, explica que o curso é dividido em duas fases. Primeiro tem lugar a "instrução básica" com a duração de cinco semanas, posteriormente os soldados fazem o juramento de bandeira. Segue-se a "instrução complementar" durante sete semanas onde vão abordar matérias mais focadas na técnica militar.


Como tudo acontece num ambiente "80% real"?


O dia tem início às 7h00 com o hastear da bandeira. A partir daí seguem-se 24 horas em situação de missão. Esta formação prática visa validar os conhecimentos adquiridos durante o curso, assim como adaptar e treinar os soldados graduados às vivências, técnicas e perícias de uma situação de missão. Em especial "técnicas de combate, reação a emboscadas, assaltos a posições inimigas, rondas e procedimentos". Posteriormente, os responsáveis fazem as devidas correções, de modo a minorar o "erro humano".


Os jovens são desafiados a fazer navegação no terreno em período diurno e noturno. O responsável elenca ainda um outro exemplo: "Na porta de armas (entrada) estão sempre dois militares que têm de manter a segurança do campo. Por vezes colocamos pessoas estranhas a tentar entrar e eles têm de fazer os procedimentos para saber se essas pessoas têm autorização. Também simulamos incidentes em que as pessoas não obedecem", acrescenta.


Todas as atividades têm uma "Matriz de Risco" que pretende determinar quem controla e supervisiona as iniciativas.


Em 2020, o Regimento de Cavalaria nº6 já formou 35 recrutas.


Campo de batalha, mas com mais conforto

Com o país e em particular a região minhota a atravessar uma vaga de frio, o Comandante de Esquadrão de Formação garante que estão asseguradas todas as condições de segurança para os soldados. Neste campo de treino existe um refeitório, uma enfermaria com dois socorristas e um enfermeiro de prevenção, assim como latrinas e uma fogueira que numa situação real não poderia existir, caso contrário revelaria a sua localização no campo de batalha.


Segundo o Soldado João Cunha não há registo de casos de hipotermia, principal foco de atenção da equipa. Quanto a casos positivos de Covid-19 foi registado um antes da época natalícia e três cursos foram isolados ao longo de 14 dias.


Informar que os formandos não utilizam munições "reais" nas espingardas automáticas G3, apenas pólvora seca.


"Procuramos cultivar o espírito de sacrifício, corpo e camaradagem", Comandante de Esquadrão de Formação, Fábio Silva.

O responsável classifica esta formação como uma "experiência única", visto que são projetados para um campo de batalha por 24 horas. "É completamente diferente de fazer missões pontuais, seguir para o Regimento e acabar aí a instrução", explica.


O Comandante não tem dúvidas que terminada a formação os jovens estarão aptos para "atuar em qualquer situação de combate". Porém, daqui para a frente podem optar por realizar formações complementares (On Job Training) mais específicas, a título de exemplo, de condução de Pandur. Mediante as notas atribuídas nestas formações, os soldados serão colocados em unidades em qualquer lugar do país.


Os praças irão assinar um contrato de seis anos com a possibilidade de um em regime de voluntariado.

Sexta-feira, 15 de Janeiro, o exercício termina com uma marcha de 11 km desde Sobreposta até ao Regimento de Cavalaria nº6.


"Isto não é uma profissão é uma forma de vida"

A afirmação é de José Morais, um dos soldados em formação. Tem 18 anos, é natural de Guimarães e ingressou no curso de Engenharia Civil da Universidade do Minho.


Aos jornalistas frisa que é um "orgulho" conseguir realizar "um sonho de criança", e prosseguir a carreira militar que é uma paixão que corre no sangue da família. Até ao momento a maior dificuldade tem sido o psicológico, mas confessa que é tudo uma "questão de tempo".


Pedro Duarte, outros dos jovens em formação, garante que nunca pensou em desistir e refere que tem a ambição de integrar uma missão. O soldado de 20 anos, natural de Braga, deixou uma mensagem a todos os que demonstram dúvidas em ingressar na carreira militar. "Com força de vontade tudo se consegue".

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