O Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (ICS) comemorou, esta segunda-feira, 49 anos com uma cerimónia dedicada ao tema 'Desumanização e Recursos de Esperança'. Entre homenagens e premiações, a celebração contou ainda com uma conferência dirigida pelo autor Richard Zimler e a apresentação da 'Comissão dos 50 anos do ICS'.

Há apenas seis meses à frente do instituto, para a presidente Ana Paula Marques este foi um tempo de renovação que "permitiu dar resposta a alguns processos que estavam a decorrer". Se é certo que a renovação do corpo docente é uma dificuldade que aflije toda a academia minhota, no ICS, a este desafio somam-se, ainda, a necessidade de reorganizar alguns serviços e espaços, de forma "a humanizá-los mais, a torná-los mais saudáveis" e a promoção do bem-estar e da saúde mental.

Apoiada em três pilares, que focam, entre outras temáticas, a identidade, a cultura e a saúde, e tendo em conta o contexto social atual, Ana Paula Marques acredita o ICS pode ser "um espaço de esperança", uma vez que esta "não é uma palavra fora da academia, mas antes uma palavra de construção de nós próprios na academia", diz.

Para a presidente, celebrar os 49 anos do ICS com este tema tornou a cerimónia num "momento agregador", de discussão e de promoção da igualdade.

"Perante o bombardeamento das fake news e de conteúdo descriminatório nos media e nas redes sociais, pensámos falar da desumanização, não só numa perspetiva crítica, negativa e muito pesada da realidade, mas também como o início do caminho para o lado solar", acrescenta.

De acordo com Richard Zimler, autor, e palestrante convidado, as ciências sociais sempre foram uma "fonte importante de conhecimento". "A história e a filosofia dão um entendimento do mundo aos alunos e preparam-nos para tentar dar uma volta a estas situações horríveis pelas quais estamos a passar", diz.

Para o autor, o estado atual dos Estados Unidos da América, e de vários países na Europa, como a Polónia e a Hungria, é o "exemplo perfeito" de como este processo de desumanização está presente nas tentativas de "retorno à ditadura". Neste sentido, "as ciências sociais são cada vez mais importantes e vão dar aos alunos as ferramentas e as armas para lutar, para combater contra esse processo de desumanização",acrescenta o autor.

ICS prepara celebração 50 anos com atividades ao longo do ano

A cerimónia contou, ainda, com um momento de apresentação da comissão de honra e da comissão comemorativa focados na comemoração dos 50 anos do instituto que decorre entre novembro de 2026 e novembro de 2027.

Segundo Teresa Ruão, presidente da 'Comissão Organizadora dos 50 anos do ICS', o plano para este ano de celebração é criar algumas atividades, como congressos, palestras, atividades com os estudantes, exposições "de forma a celebrar a história do ICS e, ao mesmo tempo, pensar no futuro do instituto e o que é que se pretende para ele nos próximos anos".

À RUM, a docente e Pro-Reitora para a Comunicação Institucional da UMinho, revelou-se muito satisfeita com o convite para dirigir esta comissão, uma vez que a experiência de mais de 30 anos no instituto dá-lhe uma "perspetiva histórica bastante alargada" sobre o ICS para além de "ter grandes amigos e colegas entre os professores, os investigadores, os técnicos e os estudantes".

"Foi comovente o convite que me foi feito e portanto espero contribuir também com essa experiência que eu tenho do ICS para a construção de um programa que celebre a Casa e ao mesmo tempo seja capaz de refletir a qualidade humana e a qualidade técnica e científica que nós temos", remata.