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Mafalda Oliveira

Regional 20.01.2017 20H01

Afinal, como nasceu a rivalidade entre Guimarães e Braga?

Escrito por Mafalda Oliveira
Em fim-de-semana de derby, esclarecem-se as dúvidas sobre a origem de uma rivalidade "mais velha que a Sé de Braga".

Este fim-de-semana há derby minhoto, no Estádio Municipal de Braga. Vitória SC e SC Braga defrontam-se a partir das 20h15 de Domingo. Um jogo que é, tradicionalmente, sentido de forma mais intensa pelos adeptos das duas cidades. Ainda assim, poucos sabem as razões para tanta rivalidade. Guimarães e Braga são cidades vizinhas, partilham uma Universidade e a rivalidade teve início com questões religiosas.


A RUM esteve à conversa com o historiador António Amaro das Neves, que deu conta dos principais momentos que marcaram a "divisão" entre as duas cidades. 


Uma rivalidade "tão antiga quanto a Sé de Braga"

"Costumo dizer que a rivalidade entre Guimarães e Braga é quase tão antiga como a Sé de Braga. É algo genético, ou seja, faz parte da identidade das duas terras", começou por explicar o historiador. Tudo começou com "a dificuldade que os clérigos de Guimarães, nomeadamente os que pertenciam à Colegiada, tinham de aceitar a autoridade do Arcebispo de Braga". Ao longo dos anos, houve muitos episódios, "como de chegar ao ponto de as freiras de Santa Clara, um dia, receberem os Emissários do Arcebispo de faca na mão", conta.


Braga é capital de distrito

A rivalidade foi-se sentindo, ao longo dos anos, e teve como um dos pontos altos a nomeação de Braga como capital de distrito. No século XIX, a rivalidade "assume uma natureza mais política e vivida pelas pessoas". "A partir da reforma administrativa, sendo Braga a capital de distrito, começou a haver uma posição de subordinação de Guimarães em relação a Braga. Até aí, Guimarães era uma comarca, como Braga, e até de maior dimensão populacional", conta.


Ao longo do  Século XIX, houve todo um historial de acontecimentos, a todos os níveis, em que "sempre que alguma medida política beneficiava Braga, os de Guimarães não aceitavam", explica Amaro das Neves. Um dos pontos culminantes acontece a dia 25 de Novembro de 1885, em que os representantes de Guimarães ao Governo Civil de Braga, três figuras ilustres da cidade, foram apedrejados em Braga. "Iniciou-se um processo muito violento de reacção dos vimaranenses em relação a Braga. Teve como consequência a queda do último governo de Fontes Pereira de Melo. Os de Guimarães exigiram sair do distrito de Braga e unir-se ao Porto", explica.


Universidade do Minho: a tentativa conciliatória

A criação da Universidade do Minho foi também mote para alguns problemas entre as duas cidades, conta o historiador. "A própria designação era uma tentativa conciliatória. Na altura, houve uma enorme discussão acerca da localização. A proposta em cima da mesa seria a construção da universidade nas Taipas, a meio caminho", revela.


Quando não levada a extremos, a rivalidade tem sido "saudável"

Para Amaro das Neves, as cidades tentam constantemente superar-se, a vários níveis, e "muito do que Braga e Guimarães têm conseguido, nomeadamente nas últimas décadas, deve-se a rivalidade. Quando o poder central concede algo a uma das cidades,  a outra começa a exigir a contrapartida", explica.


O historiador dá o exemplo da Capital Europeia da Cultura, em 2012, que, quando foi anunciada trouxe "confusão". "Braga também se tinha candidatado. Em contrapartida, tiveram a Capital Europeia da Juventude. Mesmo a Capital da Cultura de Guimarães chega em contrapartida por para Braga ter acolhido o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia", revela.

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