Regional 11.02.2019 12H57
CMB promove referendo local sobre alienação do estádio
Referendo deverá acontecer depois das eleições legislativas.
[Em Actualização]
Serão os bracarenses a decidir se querem ou não que a Câmara Municipal de Braga coloque o Estádio Municipal de Braga à venda. O autarca bracarense, Ricardo Rio, anunciou hoje que irá proceder à realização de um referendo local para que sejam os munícipes a decidir.
Numa conferência de imprensa onde explicou as motivações da penhora das contas da autarquia no passado dia 2 de Fevereiro, por iniciativa do consórcio ASSOC, o autarca referiu que o estádio municipal custou demasiado aos cofres de Braga. Recorde-se que o estádio, construído para o Euro 2004, estava orçado em 65 milhões de euros, mas a factura já vai em mais de 165 milhões e pode chegar aos 185 milhões de euros.
Entretanto, segundo Ricardo Rio, o município e o consórcio chegaram a acordo com uma instituição financeira para a liquidação da dívida de quatro milhões de euros e o pagamento da penhora, de forma faseada, entre 2019 e 2020. Nos próximos dias, o autarca acredita que será levantada a referida penhora. "Há um acordo judicial entre a CMB e o consórcio, há uma cedência de créditos para a instituição financeira que antecipa o valor para os membros do consórcio", explicou.
Rio não considera que tenha havido um "roer de corda". Lembrando que são muitas empresas envolvidas, o presidente da autarquia acredita que essa penhora possa ter acontecido por desacordo entre os membros do consórcio. "Não estava de todo à espera que isto acontecesse. Tive pessoalmente a reunião com os representantes das partes em que a responsabilidade de encontrar a solução ficou do lado do credor", acrescentou.
Depois das legislativas de Outubro haverá um referendo local em Braga
A intenção de alienação do Estádio Municipal de Braga já foi manifestada por diversas vezes pelo presidente do município todos os vereadores da coligação concordam que a venda seria a melhor saída para o município. O autarca disse hoje que "imediatamente após as eleições legislativas" irá "convocar um referendo local para submeter à apreciação dos bracarenses essa decisão de alienação".
"Julgamos que como não constava do nosso programa eleitoral, ao contrário da alienação da Fábrica Confiança, uma decisão desta natureza carece de legitimação política e de legitimação democrática. É assim que nós respeitamos também o voto de quem em nós confiou a gestão da autarquia", começou por justificar.
Ricardo Rio diz que o estádio não pode nem vai ser vendido por um euro e que o caderno de encargos será entretanto trabalhado.
Questionado sobre a possibilidade de um "não" dos bracarenses à alienação ser interpretado como uma derrota política, o autarca respondeu que será "uma derrota política em que os bracarenses entendem que a CMB deve tranquilamente a assumir os erros de quem os cometeu". "Conviverei bem com isso como convivi ao longo dos cinco anos que passaram. Não foi por causa de termos o estádio que não nos tornamos um dos concelhos mais dinâmicos do ponto de vista económico no país, que temos das políticas sociais mais responsáveis a nível nacional e que temos feito iniciativas de dinamização cultural, social, desportiva e ambiental de excelência, reconhecidas por todas as partes", disse.
O estádio municipal de Braga pode ser usado pelo SCB até 2030. Depois disso, e se a câmara até conseguisse vender o recinto desportivo, Ricardo Rio levantou a hipótese de o valor arrecadado ser investido na requalificação do 1º de Maio, que até poderia, eventualmente, "voltar a ser a casa" do clube da cidade.
Quem quer comprar este tipo de "obra de arte?"
Ora, questionado uma vez mais sobre se alguém estaria interessado em comprar um estádio para não colocar uma equipa de futebol a jogar, o autarca respondeu que o estádio "é uma obra de arte, e que além do valor artístico é um activo a considerar para determinado tipo de investidores, porque tem possibilidades de reconversão". "Teremos que encontrar investidores que equacionem as melhores possibilidades. Vamos encontrar quem queira reflectir sobre isso", atirou.
Recorde-se que o estádio construído para o Euro 2004 previa um investimento de 65 milhões de euros, mas a derrapagem orçamental pode fazer com que o municipal de Braga custe aos cofres municipais 185 milhões de euros.
A Cidade Desportiva foi construída nas imediações do Estádio Municipal de Braga, mas o autarca recusa que isso tenha acontecido propositadamente. "Foi feita à volta dos terrenos que estavam disponíveis e que, por acaso, estavam ao lado do estádio. Os jogadores não se perdem a ir do centro de formação ao estádio. A cidade desportiva foi localizada ali por disponibilidade de terrenos, não foi especificamente por o estádio estar ali", avisou.
A RUM contactou o Sporting Clube de Braga que já disse que não vai reagir a este anúncio do município.