ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

Público
Daniel Vieira da Silva

Regional 29.04.2016 18H52

Futuro do S. Geraldo: a opinião de figuras da cidade

Escrito por Daniel Vieira da Silva
A RUM quis ouvir algumas vozes que agitam o quotidiano da cidade de Braga na véspera da discussão, em Assembleia Municipal, de uma recomendação que os partidos de esquerda vão lançar no sentido do executivo proceder à compra do imóvel.

São algumas figuras da cidade de Braga que, a horas da discussão do futuro do S. Geraldo - que vai acontecer esta noite na Assembleia Municipal - se unem contra a solução encontrada.

São pessoas ligadas à vida da urbe que se manifestam sobre a opção que é defendida para este espaço cultural que será transformado numa zona comercial da cidade.


Paulo Brandão fala em "moeda de duas faces"


Paulo Brandão, programador do Theatro Circo, olha para este processo como “uma moeda de duas faces”. “Tenho sérias dúvidas que aquele espaço funcione como praça de restauração, como tenho, igualmente, várias dúvidas de que um espaço cultural naquela zona possa funcionar em pleno”, explica Paulo Brandão que assume a importância de “se ter levantado esta questão de forma a olhar-se para a cultura de forma diferente”.

Ainda assim, Paulo Brandão, assume que a solução encontrada pela Arquidiocese vai ao encontro “da realidade das pessoas que o desejam”.


Ana Gabriela Macedo: "É monumento a preservar enquanto espaço cultural"


Também ligada à cultura está Ana Gabriela Macedo, ex-presidente do Conselho Cultural da Universidade do Minho e professora universitária que diz ser importante manter a cultura e o S. Geraldo de mãos dadas. “Sou a favor da manutenção do S. Geraldo como um local de cultura na cidade. Não podemos desperdiçar mais um local, o S. Geraldo é um monumento histórico e que tem uma memória particular para quem é de Braga. É um monumento a preservar como espaço cultural”. Ana Gabriela Macedo não tem dúvidas em afirmar que ao transformar-se o espaço em algo comercial está-se a “desvirtuar a sua função”.


Eduardo Jorge Madureira assume que "ficaria mais feliz se o S. Geraldo continuasse a oferecer o que durante muitos anos ofereceu”


Também Eduardo Jorge Madureira, ele que é o responsável pelo Orçamento Participativo de Braga, sublinha que gostaria de ver no S. Geraldo um espaço cultural importante na cidade. “Ficaria contente se o S. Geraldo pudesse corresponder ao modelo que teve durante décadas e que pudesse oferecer à cidade um palco para teatro, música e as mais diversas iniciativas”. Jorge Madureira diz ainda que “o modelo proposto corresponde ao que existe no Porto, no Mercado do Bom Sucesso”, um modelo que diz não apreciar.

“Como bracarense, e desde há muito preocupado com a salvaguarda da memória da cidade, ficaria mais feliz que o S. Geraldo continuasse a oferecer o que durante muitos anos ofereceu”, admite, lembrando ser esta “uma posição de princípios que defende há muitos anos”.


Adolfo Luxúria: "A Igreja de Santa Cruz, que não tem lucro nem apetência comercial, deveria ir abaixo?"


Já o vocalista dos Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal, faz uma comparação acerca do que se quer fazer com o S. Geraldo: “É o mesmo que me perguntarem se a Igreja de Santa Cruz, que também pertence à Igreja e que não tem lucro nem apetência comercial, deveria ir abaixo e ser transformada numa praça de alimentação por ser a única forma de viabilizar economicamente a igreja”.

O músico revela ainda que não acredita que “haja vontade política e disponibilidade para inverter o desfecho” do processo. “O ideal era que fosse salvaguardado como espaço cultural, que foi a sua vocação”, considera o vocalista da banda bracarense.


Adolfo Luxúria diz ainda que a restauração do centro da cidade vai sofrer um impacto desastroso com a solução a implementar pela diocese. “Uma praça da alimentação não me parece viável para o centro histórico, mas, a acontecer, vai arruinar o comércio local dedicado à restauração”. O músico acrescenta ao dizer que o projecto “vai colocar em causa a economia local do bairro da Sé, que começa a dar os primeiros passos depois de anos de estagnação”. “Do ponto de vista do urbanismo também me parece ser um autêntico tiro no pé”, avança.


António Marques recorda "20 anos de esquecimento", assume ser "a favor de renovações"


Uma opinião mais favorável à solução que será posta em prática tem António Marques, presidente da Associação Industrial do Minho que considera que há demasiada pressão a ser colocada “nas costas do executivo” quando este é um problema bem mais antigo. “Acho que se está a colocar uma carga no actual município, mas recordo os 20 anos em que o espaço esteve em degradação. É melhor esta solução do que o espaço se estar a degradar e depois de 20 anos parado, onde estranho muito que ninguém tenha dito nada, temos uma solução e o importante é dar uma nobreza ao local”. António Marques refere ainda ser “sempre a favor da renovação dos espaços”.


São as vozes de Braga, ouvidas pela RUM, em relação ao futuro previsível para o S. Geraldo.


Recorde-se que o tema vai ser discutido esta noite em Assembleia Municipal numa recomendação que os partidos de esquerda vão lançar no sentido do executivo proceder à compra do imóvel. 

Deixa-nos uma mensagem