Nacional 01.03.2025 20H27
Moção de confiança. Montenegro desafia partidos a decidir continuidade do Governo
Primeiro-ministro anuncia que a empresa familiar passará a ser detida e gerida pelos filhos.
"Não estarei aqui a qualquer custo". É uma das frases que marca a comunicação ao país de Luís Montenegro, que não teve direito a questões dos jornalistas.
O primeiro-ministro fez-se acompanhar de todos os membros do Governo e admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecerem se consideram que o executivo dispõe de condições para continuar a executar' o seu programa. “Em termos políticos e governativos, insto daqui os partidos políticos, representados na Assembleia da República, a declarar sem tibiezas se consideram, depois de tudo o que já foi dito e conhecido, que o Governo dispõe de condições para continuar a executar o programa do Governo, como resultou há uma semana da votação da moção de censura”, declarou Luís Montenegro, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento. O primeiro-ministro afirmou que, “sem essa resposta, a clarificação política exigirá a confirmação dessas condições no parlamento, o que, por iniciativa do Governo, só pode acontecer com a apresentação de uma moção de confiança”.
Além disso, Montenegro anunciou que a empresa familiar passará a ser "detida e gerida pelos filhos, mudará a sede e seguirá o seu caminho". A esposa do primeiro-ministro sai, assim, da empresa.
"Escolhi ser primeiro-ministro, mas não vale tudo", disse o chefe do Governo, que considera que "a crise política deve ser evitada, mas pode não ser possível".
"Deviam os meus filhos ficar inibidos de dar seguimento ao que criaram comigo só porque me encontro nesta situação? (...) Pergunto a mim próprio se tenho o direito de privar os meus filhos de trabalhar por causa da minha atividade política?", questionou.
Montenegro afirmou ainda que "tudo isto foi declarado por si, está tudo nas suas declarações de interesses". "Não pratiquei nenhum crime, nem tive nenhuma falha ética", acrescentou. Luís Montenegro garante que, sempre que houve qualquer conflito de interesse, não participou nas decisões da Spinumviva.
"Se o nosso sistema político não aceita nem controla a conciliação entre a vida familiar e a vida política, nós vamos ter políticos sem passado e sem futuro profissional", afirmou.
O primeiro-ministro disse ainda que o PS "não resistiu a fomentar a desconfiança e especulação".
"Para alguns os esclarecimentos não foram suficientes, nunca serão suficientes", disse ainda.