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Tiago Barquinha

Academia 03.07.2020 17H31

"A ideia de que o secundário serve apenas para os exames é a pior matança para o ensino"

Escrito por Tiago Barquinha
O secretário de Estado da Educação aborda a relevância dos instrumentos de avaliação.
As declarações de João Costa, secretário de Estado da Educação.

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O secretário de Estado da Educação pretende desconstruir a ideia de que o ensino secundário está apenas direccionado para os exames nacionais. João Costa marcou presença esta sexta-feira num webinar em que foi apresentado o estudo 'Ensino e avaliação à distância em tempos de Covid-19 nos ensinos básico e secundário', desenvolvido pela Universidade do Minho.


Três dias antes do início da época de exames, que teve de ser adaptada devido à pandemia, o representante do Governo destaca “a importância de se diversificar os instrumentos de avaliação”. Recorrendo a uma investigação feita pelo IAVE - Instituto de Avaliação Educativa, João Costa refere que os aspectos onde os alunos “mais falham nos exames é em todas as dimensões que não a da memória”.


“Aprender é muito mais do que ser avaliado por um exame. Se eu não trabalhar outras formas de avaliação, que passam pela interpretação, por uma leitura muita atenta, pelo raciocínio, entre outras, os alunos não vão ficar bem preparados”, argumenta. Nesse sentido, o secretário de Estado considera que “o entendimento de que o secundário serve apenas para os exames é a pior matança que pode haver para um ensino de qualidade”. 


Uma das considerações finais do estudo apresentado está relacionada com a exclusão provocada pelo facto de alguns estudantes não conseguirem aceder às ferramentas digitais. João Costa reconhece que a pandemia “pôs debaixo de lupas várias questões no sistema educativo”. “As desigualdades do sistema educativo tornaram-se mais evidentes. Os efeitos não apareceram agora, mas tornaram-se mais visíveis e maiores”.



Mais de metade dos docentes não recorreram a testes de avaliação


O estudo 'Ensino e avaliação à distância em tempos de Covid-19 nos ensinos básico e secundário' foi desenvolvido por Maria Assunção Flores, Eusébio André Machado e Palmira Alves, do Centro de Investigação em Estudos da Criança da Universidade do Minho.


Entre 26 de Maio e 12 de Junho, foram recolhidos questionários online feitos a 2.369 professores dos vários graus de ensino. Mais de dois terços (70,7%) considera que as reacções das instituições ligadas à Educação foram positivas face à exigência da situação.


No que diz respeito às principais dificuldades apresentadas, 58,4% referem a falta de equipamentos adequados para os alunos, 40,8% as dificuldades para envolver os alunos na aprendizagem, 35,1% a falta de tempo e 30,6% a ausência de formação adequada no âmbito do ensino à distância. 


Relativamente ao impacto psicológico que esta experiência teve nos docentes, 81,4% reconhecem que se encontram agora mais cansados, 34,4% sentem-se desmotivados e 38,2% motivados.  Outros dos aspectos abordados pelos docentes foi os instrumentos de avaliação utilizados: 58% não recorreram a testes, havendo uma predominância de fichas de trabalho (73,5%), questionários de escolha múltipla (51,1%) e de exposição oral (48,2%). 

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