Academia 04.02.2021 14H18
AAUM pede a proibição imediata da ferramenta Respondus
Associação tem recebido várias queixas que comprovam a falta de segurança e erros da ferramenta nos processos de avaliação. Situação está a ser analisada pela Universidade do Minho. Privacidade dos estudantes, segundo a UMinho, está assegurada.
A Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) pede a proibição imediata do uso da ferramenta “Respondus”. A tomada de posição já foi endereçada, esta quarta-feira, ao reitor da academia minhota, Rui Vieira de Castro. Recorde-se que a plataforma está a ser utilizada pela Universidade do Minho no processo de avaliação à distância dos estudantes.
Aos microfones da RUM, o presidente da AAUMinho revela que desde o início desta semana têm recebido várias queixas de alunos. A maioria está relacionada com erros da plataforma e falta de segurança da mesma.
“A ferramenta por princípio não deveria ser utilizada”, afirma Rui Oliveira.
Alguns alunos referem que para ativar a "Respondus" são obrigados a desligar o antivírus do computador. Existem relatos de utilizadores que acabam por ficar com os computadores totalmente bloqueados a meio das provas ou que simplesmente não conseguem aceder ao exame.
O presidente da AAUMinho já pediu esclarecimentos à reitoria da academia minhota, nomeadamente, em relação ao cumprimento da lei de proteção de dados, uma vez que a plataforma, considerada “invasiva” pelos estudantes, tem, segundo revelam os alunos, acesso à imagem e som do computador.
De acordo com o representante dos estudantes da academia minhota, caso o comportamento dos avaliados não cumpra com os parâmetros estabelecidos pela plataforma, são lançados alertas “que acabam por criar ainda mais ansiedade nos estudantes”. Este acompanhamento é feito graças a imagens recolhidas pela Respondus em formato vídeo. Posteriormente, essas imagens serão avaliadas pelos docentes.
Para o presidente da AAUMinho está na altura de as provas primarem pela "interpretação e promoção do espírito crítico", de modo a que as respostas “não sejam encontradas numa plataforma de pesquisa”. Desta forma, seria diminuída a probabilidade de fraude. Rui Oliveira exige que a academia minhota opte "por outras ferramentas e/ou metodologias", de modo a garantir a idoneidade.
Reitoria garante que funcionalidades mais invasivas não serão utilizadas.
Contactado pela RUM, o pró-reitor para os Assuntos Estudantis e Inovação Pedagógica, Manuel João Costa, prestou alguns esclarecimentos em relação à ferramenta “Respondus”.
O responsável garante que a privacidade dos alunos está assegurada, visto que “foram tomadas as devidas precauções”, no sentido de restringir as funcionalidades mais invasivas. A instituição de ensino superior minhota fez um levantamento dos riscos para a privacidade quer dos estudantes quer dos docentes. Os resultados estão disponíveis no site da UMinho, mais concretamente, na página do Gabinete de Apoio ao Ensino.
O pró-reitor realça que muitos dos equívocos sobre a ferramenta, utilizada em várias academias, resultam de "notícias em vários sites e fóruns". Ora, é verdade que a plataforma permite a captura de som, porém a UMinho assegura que não irá utilizar essa funcionalidade.
Segundo a avaliação realizada pelo encarregado da Proteção de Dados da UMinho, Jorge Figueiredo, a 3 de Julho de 2020, o sistema permite registar o som, "opção que não se utilizará para preservação da privacidade". O mesmo documento refere que “o sistema permite que se peça ao aluno para mostrar o espaço envolvente, registando em vídeo”, porém esta opção também “não se utilizará para preservação da privacidade”.
A "Respondus" é composta por dois componentes, um navegador de Internet específico, o Respondus Lockdown Browser, que impede os estudantes de utilizar outras aplicações no seu computador enquanto realizam o exame, e um sistema de vigilância que regista o comportamento do estudante durante o exame, o Respondus Monitor.
Quanto à posição da AAUM de tornar os exames da instituição menos baseadas na memória e mais na interpretação dos alunos, de modo a diminuir a fraude, Manuel João Costa sublinha que a academia minhota tem "trabalho feito nesse sentido".