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Liliana Oliveira

Academia 02.03.2025 09H45

Alga usada no sushi ameaça a biodiversidade no Norte de Portugal

Escrito por Liliana Oliveira
Investigação de uma equipa das universidades do Minho e do Porto demonstra que reduzir a presença da alga wakame contribui para a recuperação das espécies nativas.

Chama-se alga wakame e é uma das 100 espécies mais invasoras do mundo. Foi mapeada, em Portugal, por uma equipa de investigadores das universidades do Minho e Porto, que conseguiram mostrar os seus impactos ecológicos e medidas para controlá-los.


Segundos os invetsigadores, a distribuição geográfica da alga wakame depende significativamente da salinidade, sendo comum em marinas de água salgada, como as de Póvoa de Varzim e Leça da Palmeira, mas ausente nas marinas de estuários, onde a salinidade é menor. Nos habitats naturais, aquela alga surgiu temporariamente em três zonas rochosas de Carreço e Canto Marinho, mas desapareceu após as “tempestades” de inverno.

“Esta espécie tem tolerância limitada a condições como a exposição à ondulação, o que restringe a sua disseminação para áreas mais expostas, mas pode continuar a representar uma ameaça em ambientes mais protegidos”, diz Marcos Rubal.


A investigação demonstrou que a Undaria pinnatifida conseguiu substituir a alga nativa S. latissima nas marinas e aí crescer sobre mexilhões fixos em estruturas artificiais, enquanto em habitats naturais cresceu sobre a espécie nativa G. baccata. Para mitigar estes impactos, os cientistas realizaram experiências de remoção da alga invasora na marina de Viana do Castelo. Os resultados foram promissores, com a recolonização parcial da alga S. latissima, indiciando que reduzir a presença da wakame contribui para a recuperação das espécies nativas. Este estudo fornece assim dados essenciais para estratégias eficazes de gestão e conservação dos ecossistemas marinhos. 


Esta alga é rica em fibras, proteínas, vitaminas e minerais, principalmente iodo e cálcio, sendo usada para prevenir o envelhecimento precoce, as doenças cardiovasculares e na perda de peso. É também comum em pratos de sushi e na alimentação do leste asiático, donde é originária. Com o nome Undaria pinnatifida, foi introduzida em França para cultivo comercial, mas escapou para a natureza e poderá ter sido introduzida em Portugal através das águas de lastro dos navios, sendo registada pela primeira vez neste país há mais de 20 anos.


O novo estudo saiu na revista científica “Plants”, por Marcos Rubal, Jesús Fernández-Gutiérrez, Diego Carreira-Flores e Pedro Gomes, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da UMinho, e Puri Veiga, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da UPorto, no âmbito do projeto MarinaForest, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e liderado por esta cientista.


O Dia Mundial da Vida Selvagem assinala-se esta segunda-feira, 3 de março.

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