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Elsa Moura

Autárquicas 2025 17.10.2025 14H28

António Braga não deverá tomar posse como vereador do PS

Escrito por Elsa Moura
Ao que a RUM apurou, o candidato do PS não deverá tomar posse no próximo dia 3 de novembro. O presidente da concelhia do PS Braga diz o que António Braga decidir "está bem para o partido".
Pedro Sousa e a possibilidade de António Braga não assumir o lugar de vereador da oposição; a análise à derrota socialista e as críticas internas

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António Braga, candidato da coligação PS/PAN nas eleições autárquicas de 12 de outubro, não deverá tomar posse como vereador do Partido Socialista no executivo municipal. A candidatura à Câmara Municipal de Braga não teve o resultado que desejava e de todas as vezes que foi questionado sobre essa possibilidade nunca assumiu o que faria, salientando que acreditava na vitória e que assumira o cargo de presidente. O silêncio desde a noite eleitoral e o que se fala na ala socialista é de que o mesmo não vai assumir as funções de vereador da oposição. Pedro Sousa, presidente da comissão política concelhia e nº3 da lista encabeçada por António Braga diz apenas que António Braga não fez ainda qualquer comunicação oficial sobre o futuro. Também nos últimos dias a RUM procurou entrar em contacto com António Braga, mas sem sucesso.


Em declarações à Rádio Universitária do Minho esta sexta-feira, Pedro Sousa respondeu que essa decisão cabe apenas ao próprio António Braga. "O António Braga será vereador se o entender, não será se não o entender. Não é uma decisão que tenha já partilhada comigo. O que ele decidir está bem para o Partido Socialista. Em função do que vier a decidir, o PS também cá estará para se reorganizar, se ele estiver presente, com os três vereadores eleitos e se ele optar por outra solução, com o quarto vereador a exercer funções como vereador eleito", respondeu.

O presidente da concelhia socialista elogia, de resto, a postura de António Braga e o serviço que diz que prestou ao PS no âmbito da candidatura. Refere que "foi um excelente candidato" tendo disputado o ato eleitoral "com grande nobreza e elevação" e que por isso "o PS deve-lhe o respeito, a consideração e o cuidado que ele também entregou ao serviço do Partido Socialista".


É público que desde o início a escolha de António Braga não foi consensual e o afastamento de militantes mais conhecidos da praça também se notou no decorrer da campanha. Ainda na noite eleitoral, e na emissão levada a cabo pela RUM, Artur Feio que participou como comentador, e foi vereador nos últimos quatro anos, avisou que o PS "não pode escudar-se de continuar a ser o maior partido da oposição" e notou que "quem é eleito deve cumprir os seus mandatos", num "convite a António Braga para não desertar". O comentador não quis alongar-se nos comentários sobre se a derrota tem uma relação direta com a escolha do candidato ou se o processo montado pelo PS para estas autárquicas contribuíram de forma significativa para este resultado, mas esta sexta-feira, num artigo de opinião publicado num jornal local é evidente a rutura e a crítica a Pedro Sousa na qualidade de presidente da concelhia.

O também antigo presidente da concelhia socialista escreve, no referido artigo, que o PS Braga  "atravessa uma crise estrutural sem precedentes" e que "desperdiçou redondamente uma oportunidade histórica de reconquistar o município, essencialmente por causa da fragilidade do seu candidato e da falta de estratégia que o acompanhou". Aponta também que "a presença pública foi limitada e o envolvimento com os temas locais, insuficiente", referindo que mesmo entre os simpatizantes do PS "havia a sensação de

que a candidatura existia por obrigação e não por convicção".


Pedro Sousa como vereador da oposição nos próximos quatro anos vai refletir sobre recandidatura à concelhia em 2026


"Quem entender que tem condições para ir a votos, deve apresentar-se no momento próprio - Pedro Sousa (Presidente da concelhia)

Questionado pela RUM sobre um eventual pedido de demissão depois da quarta derrota consecutiva do PS desde 2013, Pedro Sousa deixou tudo em aberto, na certeza que não se vai esconder. "Tomarei no seu tempo as decisões corretas, na certeza de que não me esconderei nem correrei por fora. No tempo certo e com a frontalidade de sempre lá estarei a prestar contas e a tomar as decisões que entendo que são importantes, do ponto de vista pessoal e também no ponto de vista da minha militância dirigente na concelhia de Braga do PS", respondeu. 

Uma resposta em que lançou também algumas farpas internas sem mencionar nomes. "Não sou daqueles que se esconde quando as decisões no meu partido não são a meu favor, não acerto contas com a história afastando-me, ficando por fora até a aplaudir os êxitos dos nossos adversários", atirou.


Pedro Sousa garante também que vai assumir o papel de vereador da oposição nos próximos quatro anos e abre a porta a uma candidatura nas próximas eleições internas previstas estatutariamente para 2026. Diz também que ao contrário dos últimos anos, "é importante que o desalinhamento entre a concelhia do PS e a câmara municipal [vereadores do PS] não aconteça porque a frente de voz comum é importante para a solidez da mensagem do PS na cidade e no concelho". 


A finalizar, Pedro Sousa assegura que não tem qualquer problema com as vozes dissonantes no PS. "Quem entender que tem condições para ir a votos, deve apresentar-se no momento próprio. Isso é algo que naturalmente para mim está em cima da mesa", esclareceu.


Para esta sexta-feira está marcada uma reunião de autarcas eleitos, na próxima semana reunirão os eleitos à assembleia municipal e à vereação e só depois os órgãos do partido "para começar a estruturar desde já a atividade no concelho", indicou à RUM o dirigente.

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