Regional 02.10.2024 07H00
Autárquicas 2025. "Farei aquilo que entender e pode até ir contra a vontade do CDS"
Altino Bessa, vereador do CDS-PP na Câmara Municipal de Braga e que acompanhou desde 2013 Ricardo Rio assume, em entrevista à RUM, que não se vai sujeitar a "imposições à força do PSD" para continuar o projeto da coligação Juntos por Braga.
Altino Bessa avisa que não se vai sujeitar às "imposições à força" do PSD para manter a coligação Juntos por Braga em 2025 e assume que também ele reúne um conjunto de caraterísticas que o podem colocar numa eventual candidatura independente à Câmara Municipal de Braga (CMB).
As declarações foram feitas aos microfones da RUM na noite desta terça-feira, no programa de grande entrevista Campus Verbal.
O vereador do CDS, que acompanhou a gestão camarária de Ricardo Rio desde 2013, e que é também presidente da concelhia centrista, partido que integra o projeto da coligação Juntos por Braga, assume que também ele não foi ouvido no processo de escolha do candidato, João Rodrigues. "Não fui ouvido, a decisão é tomada em controvérsia e eu continuo a achar que devia ter sido tomada com base em estudos de opinião, visibilidade, intenções de voto, normalmente é assim que as coisas funcionam", começa por responder quando questionado pela RUM.
Assumindo que "o PSD é o maior partido da coligação e que faz aquilo que acha que deve fazer", Altino Bessa garante que "fará aquilo que entender que deve fazer e que pode ir até contra a vontade do próprio CDS", deixando a possibilidade de assumir uma candidatura independente, em última análise.
"Não me coloco numa posição de inferioridade a qualquer um dos nomes [do PSD e do PS] na corrida à CMB"
Altino Bessa sublinha que há questões das quais não vai abdicar para garantir a continuidade do projeto de coligação PSD/CDS, que conta ainda com PPM e Aliança e que poderá ser alargada ao Iniciativa Liberal. "O Altino Bessa não se vai sujeitar a determinado tipo de coisas que lhe queiram impôr e à força. Neste momento acho que têm que olhar para as pessoas, elas é que contam e têm que ver se elas têm valor, têm peso e se valem a pena, ou não. Se as querem ou se não querem mediante as condições que elas têm para exigir, essas exigências eu não vou deixar de as fazer", avisa.
O centrista vai mais longe e afirma que não se sente inferior a nenhum dos nomes que publicamente têm surgido para candidaturas autárquicas à Câmara de Braga em 2025. "Qualquer um dos candidatos, quer do PSD, quer do PS, obviamente que do ponto de vista pessoal não me sinto inferiorizado com nenhuma dessas pessoas. Não acho que tenha menos conhecimento político, menos experiência política, pelo contrário, tenho mais experiência que qualquer um deles, e por isso não me iria colocar numa posição de inferioridade em relação a qualquer uma dessas pessoas", esclarece ainda.
Assumindo que a missão "está cumprida", Altino Bessa insiste que "tudo dependerá de vários fatores numa eventual negociação com o PSD". "Há uma coisa que eu sei e, tirando as questões partidárias: já não tenho idade para aturar determinado tipo de coisas e para me sujeitar a determinado tipo de coisas. Isso eu não vou fazê-lo, de todo. E para tomar decisões que entenda que deva tomar se outros quiserem tomar decisões por mim, ou se me quiserem subjugar a determinado tipo de contextos que eu nunca aceitarei. Por isso, vamos ver o que é que se vai passar", sublinhou.
Ciclo é necessariamente diferente
Independentemente do que venha a suceder na coligação Juntos por Braga para as eleições autárquicas do próximo ano, Altino Bessa defende também que sem Ricardo Rio, o projeto de coligação será necessariamente outro. "Não sei se a coligação está mais fragilizada [do que em 2013] porque a mudança de ciclos exige transformações. Tínhamos um candidato que vinha de duas derrotas e conseguiu impôr-se, teve três vitórias consecutivas e um nível de popularidade muito grande. Agora, Ricardo Rio sai, o ciclo é novo e até para o Altino Bessa o ciclo é diferente", argumenta.
Houve divergências nalguns temas
Altino Bessa explica que ao longo destes mandatos fez sempre questão de apresentar os seus pontos de vista em determinados temas e assume que nem sempre esteve em acordo com Ricardo Rio ou com os restantes membros do executivo, o que considera "natural". "Felizmente não dependo da política e quando era necessário dizê-lo eu dizia «se for preciso, vou-me embora»". "Houve divergências", desde logo em 2014 por causa da concessão da Agere. "Passado dez anos posso dizê-lo. Estava para ser vetado em reunião de câmara e eu disse que não vetava e mais tarde, de alguma forma, acabou por ir a reunião de câmara, mas com valores muito diferentes daqueles que eram propostos na altura em termos de remuneração de capitais", afiançou.
Numa espécie de balanço dos três mandatos, o vereador que foi assumindo diferentes pelouros, confessa ter a "consciência muito tranquila do trabalho feito". "Dignifiquei a câmara, tenho a minha ficha completamente limpa, fiz sempre coisas no sentido de ajudar as pessoas, de ajudar a cidade e de ter orgulho no trabalho e nas equipas que lidero", concluiu.