Av. Padre Júlio Fragata continua a ser dor de cabeça sem solução rápida

O executivo municipal de Braga votou a empreitada para a repavimentação da Avenida Padre Júlio Fragata, mas o tema que dominou este ponto da ordem de trabalhos foi a “ausência de estratégia da autarquia para o trânsito de atravessamento na cidade”, na óptica da oposição. Os vereadores do PS e da CDU não pouparam nas críticas à maioria que governa a Câmara em matéria de ordenamento de trânsito.
Os vereadores do Partido Socialista criticam a falta de respostas práticas para a referida Avenida, acusando o executivo de Ricardo Rio de falar de estudos ao longo dos anos sem apresentar conclusões, estratégias e trabalho no terreno. Artur Feio refere que a repavimentação “é apenas uma solução estética” e que Ricardo Rio “continua a não apresentar uma solução de raiz”.
“Os estudos ninguém os conhece”, atirou Artur Feio que defende o trabalho que tinha sido elaborado pelo Eng. Barata – já falecido – e que esteve à frente do trânsito na cidade durante mais de vinte anos. “O estudo do antigo responsável, juntamente com o Eng. Batista da Costa, na altura administrador dos TUB, propunha uma solução de atravessamento semaforizado para aquela zona, em 2016. “Era uma solução low-cost que o presidente descartou”, critica. “O projecto ficou na gaveta e resolveria muitos problemas. Era uma pretensão de todos os técnicos na altura”, defende.
Numa reacção à sugestão deixada pelo vereador socialista, Ricardo Rio deu conta de um estudo mais recente, solicitado à Universidade do Minho, e que inviabilizava, precisamente, a solução apresentada pelos dois engenheiros citados pelo vereador do PS. Face às sucessivas críticas de Artur Feio, o autarca sustentou que vai facultar o estudo ao socialista “para que perceba de uma vez por todas que era uma solução que ia degradar as condições de mobilidade”.
No decorrer da discussão, Miguel Bandeira esclareceu que aquela solução, ainda no tempo de Mesquita Machado, começou com uma rotunda, depois passou pela semaforização. Já no actual executivo, Batista da Costa alavancava essa solução “mas numa óptica pessoal”, disse. Na mesma altura surgiram outras duas alternativas. “Os serviços técnicos da câmara não eram unânimes”, recorda o vereador.
Fazer um atravessamento por cima era uma opção defendida, assim como o prolongamento do túnel. Assinalando a “competência” dos serviços técnicos da câmara, Miguel Bandeira explicou que a sugestão do então administrador dos TUB foi estudada pela UMinho e logo se verificou a “impossibilidade técnica dos semáforos na Av. Padre Júlio Fragata”. A solução dos semáforos “não tinha qualquer viabilidade”.
O prolongamento do túnel passava a ser a solução, mas são obras que, “do ponto de vista financeiro e do timing, exigem um forte empenho da administração central. “Não está, realisticamente, no horizonte dos recursos financeiros da CMB”, rematou o vereador Miguel Bandeira.
Os estudos levados a cabo pelos especialistas socorreram-se de uma plataforma adquirida pelo Quadrilátero Urbano, que simula impactos do ponto de vista quantitativo de determinadas medidas de ordenamento de trânsito. E, “os resultados são absolutamente arrasadores para o funcionamento de mobilidade naquela zona e, portanto, naturalmente que abandonamos essa ideia”, acrescentou Ricardo Rio.
O actual executivo continua a defender a ligação entre a Rua D. Pedro V e a Rua Nova de Santa Cruz, mas Rio assume que “tem mais custos, é mais difícil de executar e por isso não avançou”, mas que “será, no futuro, a solução”.
A questão central “passa por um investimento profundo na criação de novas vias circulares que tirem o trânsito de atravessamento” – defende vereador da CDU
Carlos Almeida, vereador da CDU considera que “para poder resolver os problemas de congestionamento naquela zona” é necessário “criar novas vias que permitam a circulação”. Sem esse trabalho, o comunista diz que “é impossível intervir de forma estruturada nas condições de mobilidade e de acalmia de trânsito”.
“Um dos maiores problemas de mobilidade tem que ver com o trânsito de atravessamento. Seria útil que o município abordasse a questão de uma forma mais abrangente. Não é produtivo discutir soluções sem pensar numa questão de mobilidade que retire trânsito de atravessamento”, argumenta.
Reconhecendo a necessidade de manutenção das vias, Almeida acrescenta que a questão central “passa por um investimento profundo na criação de novas vias circulares que tirem o trânsito de atravessamento”.
“Não nos parece que a solução de prolongamento do túnel, que é pensada por esta maioria a longo prazo, seja solução, porque isso o que vai fazer é contribuir para circulação automóvel com mais velocidade”, defende.
Em resposta a esta sugestão, Ricardo Rio afirma que o município de Braga já está a tentar minorar impactos “com outras dimensões como o estímulo aos transportes públicos”.
“Temos uma grande afluência de veículos ao centro da cidade e temos de os tirar daí”, rematou.
