Regional 31.08.2020 07H00
Braga: Vendedores convidam DGS a visitar feira junto ao estádio municipal
Desde a retoma da actividade a autarquia obrigou-os a realizar as feiras de quinta e sábado no parque do estádio municipal. Vendedores ainda aguardam pelas casas-de-banho prometidas.
Os vendedores de vestuário e calçado do mercado municipal de Braga - cerca de cem - estão desanimados com o fracasso das feiras de quinta e sábado nas imediações do Estádio Municipal. Foram deslocalizados por ordem da autarquia e apesar de nunca terem concordado viram-se na obrigação de aceitar. Durante vários meses não facturaram porque a feira foi interrompida, mas na retoma pouco mudou e nem as condições básicas dizem ter.
Nas manhãs de quinta-feira, mesmo em pleno mês de Agosto, a fraca procura fez com que muitos dos vendedores já nem se desloquem ao estádio. Hélder Oliveira afirma que "o único trabalho de muitos numa manhã é o de montar e desmontar a tenda", já que pouco ou nada vendem. Críticos desde o início quanto à localização sugerida pela autarquia, os feirantes referem que dois meses depois "provou-se" que tinham razão. "Como esperávamos não resulta, não tem qualquer afluência, as pessoas que vão são muito poucas e são aquelas que têm a intenção de comprar”, começa por explicar Hélder Oliveira.
O porta-voz dos feirantes lembra que no centro da cidade a afluência era muito maior porque tinham clientes diferentes que ali passavam por outros motivos.
Ricardo Rio prometeu assegurar as condições básicas para a realização das feiras no novo espaço, mas segundo os vendedores está tudo igual. As promessas passavam pela colocação de casas-de-banho, autocarros a fazer o circuito entre o mercado e o estádio municipal e publicitação da nova localização da feira de quinta e sábado, mas “nenhuma das promessas foi cumprida”, denuncia.
Segundo Hélder Oliveira, o presidente da Câmara Municipal já foi alertado, “mas nem deu resposta”.
“A DGS não aceitava ali a feira [na rua junto ao mercado] porque não tinha condições sanitárias e agora nem temos casas de banho?”, atira Hélder Oliveira que desafia as autoridades a fiscalizarem as condições em que se encontram os vendedores junto ao estádio municipal. E continuou: "Se foi pela DGS que não podemos trabalhar no mercado, eu gostava que a DGS fosse ver as condições em que estamos a trabalhar, que nem casa de banho há. Estamos lá das cinco da manhã às duas da tarde e são as condições que nos deixaram", denuncia.
A esperança tinha sido depositada no mês de Agosto, "mas nem assim". Os vendedores queixam-se de a autarquia nem sequer insistir na informação junto da comunidade local. "A CMB nem publicita que o mercado mudou de local, e o presidente prometeu fazê-lo na página da autarquia. Nada de nada", afirma em tom de desilusão. O porta-voz admite que "já não consegue fazer mais nem resolver nada" e acusa a CMB de ter como "única intenção afastar os feirantes do centro da cidade".
"Os vereadores e o presidente da CMB são o rosto dos políticos em Portugal"
Com o regresso à actividade depois da pandemia, os vendedores realizaram sucessivos protestos, mas a CMB não cedeu, escudando-se nas exigências da Direcçao Geral de Saúde que não permitia tantas bancas nas ruas adjacentes ao edifício do mercado em obras. Mas Ricardo Rio comprometeu-se a fazer regressar a feira para junto do mercado quando o mesmo reabrir e a pandemia passar. Depois dos acontecimentos mais recentes, a confiança de Hélder Oliveira parece ter desaparecido. "Estamos a aguardar que as obras do mercado acabem para ver se o presidente vai cumprir com o prometido, mas sinceramente não acredito. Depois do que tenho visto do presidente e dos vereadores são o rosto da classe política portuguesa, não cumprem com o que dizem", critica.
"O presidente não fez nada, mas eu se fosse presidente criava todas as condições para que os feirantes quisessem ficar ali, mas fez exactamente o contrário e nem o que o prometeu fez", conclui.
Num ano particularmente difícil, os feirantes estimam que o próximo Inverno seja "desastroso".