“Cabe às pessoas competentes saberem o mal que estão a fazer ao futebol português”

António Salvador critica a forma como Rúben Amorim saiu do SC Braga, mas garante que o antigo treinador foi “muito correcto” durante o processo. Na apresentação de Custódio Castro como técnico principal, esta quinta-feira, o presidente do clube deixou várias críticas às entidades que regulam o futebol português.

Rúben Amorim, que tinha assumido o cargo há dois meses, saiu do clube minhoto após o Sporting ter batido a cláusula de rescisão de 10 milhões de euros. Perante esta situação, o líder arsenalista refere que a mesma aconteceu num “timing inesperado”. “O Braga foi surpreendido com um movimento de um clube seu concorrente, curiosamente aquele que nos persegue na tabela, que, à luz dos regulamentos e dos contratos, conseguiu assegurar o nosso treinador”, explica.

António Salvador admite que este tipo de situações pode “desvirtuar as competições” e exige uma mudança nos regulamentos, que impeça movimentações de treinadores em clubes do mesmo campeonato. 

O presidente do SC Braga explicou também a forma como todo o processo decorreu. “É simples. O Sporting contactou-me, há pouco mais de uma semana, no regresso de Glasgow. O Varandas pediu uma reunião comigo. Pensei que fosse por outro assunto que tínhamos falado. Fiquei surpreendido quando disse que iria entrar em acordo para contratar Rúben Amorim. Pôs uma determinada verba e dois jogadores mais percentagem do passe do Palhinha. Eu disse que o Braga, de maneira alguma, iria negociar o treinador. A reunião terminou”, começa por contar.

“Passado mais de uma semana, surgiram mais notícias e chamei o Rúben Amorim e fui claro: ‘não quero que saias. Tenho visto muitas notícias a dizer que Silas vai embora. O Braga não vai negociar nada. Quero-te dizer que o Braga quer renovar por mais um ano. Estou disponível para renovar as condições salariais além das contratualizadas nos próximos dois anos. Se houver alguma vontade tua de saíres para o Sporting, a única solução é o Sporting pagar os 10 milhões.’ Foi o que aconteceu”, prosseguiu António Salvador, salientando que Rúben Amorim compreendeu a situação e só aceitou entrar em contacto com o clube de Alvalade após ter accionado a cláusula.

António Salvador alerta para intransigências que dificultam formação de Custódio como treinador

Rúben Amorim conta com o nível II de treinador, enquanto Custódio Castro tem apenas o primeiro. Nenhum deles tem as habilitações necessárias para assumir o cargo de técnico principal nas fichas de jogo. António Salvador mostrou indignação sobre essa matéria, revelando os entraves que o técnico principal encontrou para prosseguir a sua formação.

“O Custódio inscreveu-se num curso de nível II e nível III em Junho, mas não aceitaram a sua inscrição porque tinha de ter um ano de estágio e um ano de actividade. Isto só acontece num país como o nosso. Como é possível que pessoas que deram anos e anos ao futebol tenham de passar por isto?”, questiona. Reflectindo sobre os dois assuntos, António Salvador alerta que “cabe às pessoas competentes saberem o mal que estão a fazer o futebol português” e resolver a “embrulhada” que considera existir.

Custódio Castro admite surpresa por ascensão tão rápida

Custódio Castro assinou até 2022 e terá, ao que tudo indica, uma cláusula de rescisão de 15 milhões de euros. O técnico estava na equipa de Juvenis do SC Braga desde Junho do ano passado e sobe agora ao comando técnico da equipa principal, uma ascensão que o próprio admitiu ter sido muito rápida.

“Nunca pensei que fosse tão rápido chegar aqui. Fomos apanhados de surpresa mas, sendo o assunto o SC Braga, não poderia rejeitar. Sei da exigência que representa o SC Braga e estou preparado para ela. Temos um grande plantel e adeptos que nos apoiam até onde for preciso, por isso será com grandes expectativas que abraçarei este grande desafio”, assinalou.

*com Pedro Manuel Magalhães