Regresso da praxe às imediações da UMinho criticado pela AAUM

Em tempos de pandemia de retoma à vida normal, o Cabido de Cardeais, que dirige a actividade praxística na Universidade do Minho, decidiu comunicar o regresso da praxe presencial neste mês de Julho para “conclusão” do actual ciclo praxístico. “Só vai quem quer”, diz Pedro Domingues à RUM, ele que assume o papel de ‘Papa’, responsável máximo pela realização de praxes por parte de estudantes da academia minhota.
O estudante de 30 anos afirma que a actividade praxística “nunca terminou” porque “continuou virtualmente” e que a decisão pretende “criar um fecho de um ano de praxe que é normal como todo o resto”. “Como há permissão para ajuntamentos na rua até vinte pessoas, cumprindo as regras foi tomada esta decisão”, justifica.
Questionado sobre a decisão polémica, Pedro Domingues diz que o Cabido “está consciente” e que as regras vão ser cumpridas com pessoas a vigiar os locais onde estão a acontecer. Afastando a hipótese de proximidade entre cursos e pessoas, o estudante de Marketing afirma que todos os estudantes “vão estar sempre de máscara” e nunca existirá “qualquer tipo de contacto físico”, cumprindo todas as medidas recomendadas “para um ajuntamento de pessoas normal”. O Papa refere que são ajuntamentos “conscientes” e explica que a PSP foi contactada. Mais de vinte cursos decidiram aderir ao desafio lançado pelo Cabido de Cardeais. “Os cursos escolheram e ninguém impôs uma regra, eles é que decidiram conforme as suas realidades”, acrescenta. “Muitos optaram por nem fazer, são sempre números muito reduzidos”, acrescenta.
A actividade praxística é proibida no interior dos campi da Universidade do Minho. Pedro Domingos refere que a praxe vai acontecer em números reduzidos, nas imediações dos campi. “Vão ser muito dispersas, e praticamente não se cruzam em momento horário e local, de acordo com as autoridades. Isto foi pensado e a Polícia está ao corrente da situação”, remata.
“A praxe não é uma prioridade. A preocupação deve estar na conclusão do presente ano lectivo e na preparação do próximo”, avisa presidente da AAUM
Contactado pela RUM, o presidente da AAUM avisa que não faz sentido alimentar este assunto, quando as preocupações devem estar focadas na preparação do novo ano lectivo já no interior dos campi.
Rui Oliveira lembra que a própria Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) cancelou as actividades programadas porque a prioridade era apenas a conclusão do ano lectivo, o que demonstra precisamente aquela que é a posição da AAUM. “A AAUM durante o período da pandemia já abdicou das actividades presenciais, numa óptica de que o regresso à vida dos campi seria pela vertente lectiva. Estamos a falar também de bibliotecas e cantinas. Estamos preocupados com o primário e não me parece ajustado estar a retomar a praxe”, diz Rui Oliveira que se demarca da decisão do Cabido de Cardeais.
Rui Oliveira frisa que a AAUM está apenas “preocupada em consciencializar os jovens estudantes para bons comportamentos que não contribuam para o crescimento da curva epidémica”.
O presidente da AAUM conclui referindo que o que importa é “falar do futuro, do próximo ano lectivo e não na praxe”.
A Universidade do Minho não se pronunciou ainda sobre o assunto.
Junta de Freguesia de Gualtar emite comunicado a alertar que não foi contacta pelo Cabido de Cardeais e condena regresso da actividade praxística às imediações do campus de Gualtar.
“A Junta de Freguesia de Gualtar vem publicamente manifestar repúdio pelas afirmações do estudante Pedro Domingues, responsável pelas praxes na Universidade do Minho, onde o referido estudante afirmou, a um órgão de comunicação social, ter sido fácil informar as autoridades e nomeadamente a Junta de Freguesia de Gualtar sobre a decisão de retomar as praxes.
Tais afirmações são absolutamente falsas!”, começa por esclarecer o presidente de Junta. As declarações foram feitas ao jornal Pública, já que à RUM o ‘Papa’ referiu apenas ter comunicado com a PSP.
“Nunca a Junta de Freguesia foi contactada sobre qualquer Praxe nem manifestou qualquer apoio à realização das mesmas”, acrescenta a mesma nota.
A Junta de Freguesia reafirma, publicamente, que dada a actual situação de pandemia, é contra qualquer tipo de ajuntamento e irá continuar a denunciar tais situações alertando sempre as autoridades.
Junta de Freguesia denuncia praxe do curso de Enfermagem no último fim-de-semana
“Consideramos absolutamente imoral a realização de tais Praxes e ajuntamentos, nesta fase pandémica, estando algumas delas a ser realizadas por estudantes de Cursos da área da Saúde (Enfermagem) como aconteceu no último fim-de-semana num terreno privado que obrigou à intervenção da GNR no local a pedido do Presidente da Junta”, denunciou ainda João Vieira, presidente da Junta de Freguesia que solicita às diversas autoridades que “intervenham, por todos os meios ao seu dispor, de modo a inviabilizar a concretização destes ajuntamentos de estudantes impedindo mesmo a sua realização em qualquer circunstância”.
