Regional 14.02.2021 07H00
Cantares ao desafio a Património da UNESCO é o novo desafio de Augusto Canário
"Todos somos poucos para levar este desejo a bom porto".
Tudo começou com a vontade de escrever um livro sobre cantares populares, mas o destino acabou por levar Augusto Canário a ingressar no doutoramento em Estudos Culturais na Universidade do Minho. Aos 61 anos, o ícone da cultura popular, tem um novo desafio em mãos. O cantor e, agora, estudante da academia minhota quer elevar os cantares ao desafio a Património Cultural Imaterial pela UNESCO.
Depois do fado (em 2011) e do cante alentejano (em 2014), Augusto Canário considera que este género musical tem todas as condições para receber este título. "Os cantares populares envolvem antropologia, sociologia, etnografia e a cima de tudo a parte da convivência entre pessoas", sustenta.
Augusto Canário pretende realizar um estudo sobre as diversas formas como se canta ao desafio de norte a sul do país incluído as ilhas dos Açores e Madeira. O trabalho irá consistir no levantamento das estrofes, dos conteúdos e dos acompanhamentos e instrumentos.
Ouvido pela RUM, o cantor revela que os cantares ao desafio estão no seu auge, visto que nunca existiram tantos interpretes jovens principalmente do sexo feminino. "Não havia tradição", revela.
Augusto Canário revela que os cantares ao desafio eram "escondidos", há 20 anos atrás, nas festas, uma vez que "os padres não autorizavam" esta pratica, pois cantam vernáculo.
As novas tecnologias têm ajudado a divulgar os cantares populares quer a nível nacional como internacional, muito graças aos emigrantes portugueses, o que na opinião do cantor popular é "benéfico para a língua portuguesa".
Augusto Canário frisa que o "caminho longo" até que consiga apresentar uma candidatura à UNESCO.
Aos microfones da RUM, apela aos munícipes e a todos os portugueses no geral, para que se juntem a esta causa. "Todos somos poucos para levar este desejo a bom porto", declara.