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Catarina Martins

Cultura 21.02.2023 16H03

CCVF acolhe peça em Língua Gestual Portuguesa que convida à reflexão sobre a questão comunicacional

Escrito por Catarina Martins
Coproduzido pel’A Oficina, ‘Zoo Story’ chega ao Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, esta sexta-feira e sábado, às 21h30 e às 16h00, respetivamente. O espetáculo é interpretado exclusivamente por dois atores surdos, mas há legendas em português escrito e audiodescrição. 
Declarações do encenador Marco Paiva.

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‘Zoo Story’ é uma peça de Edward Albee que Marco Paiva, diretor artístico da produtora Terra Amarela, transcreve para Língua Gestual Portuguesa. Aqui, o encontro não se dá num jardim zoológico, como na história original, mas noutro lugar, onde duas personagens com histórias muito distintas tentam se relacionar, descobrir outras formas de comunicar e chegar a um entendimento.


À RUM, Marco Paiva, revela que a peça convida o público a "refletir sobre a questão comunicacional". Segundo o encenador, o espetáculo "promove as relações humanas e o encontro da diversidade". "É um texto muito datado a um momento de pós-guerra na cidade de Nova Iorque, no entanto, tem uma particularidade que é a temática da comunicação", explica.


O espetáculo é interpretado exclusivamente por dois atores surdos, mas há legendas em português escrito e audiodescrição. Além do público ser desafiado a questionar o seu papel enquanto espectador de uma obra de arte, funciona como uma terceira personagem. 


"Acaba também por ser convidado a reencontrar-se com a própria linguem teatral, a recentrar-se enquanto espectador e a tomar decisões sobre esta comunicação entre quem chega para ver e o objeto que é apresentado", esclarece, questionando se "enquanto usufruidores de cultura não temos que nos tornar um pouco mais ativos e obrigar-nos de certa maneira a reencontrarmo-nos com objetos distintos?".

 

Marco Paiva espera que o espetáculo "desperte a curiosidade de aprender novas formas de comunicação". "Mais do que ficar satisfeito com o espetáculo em Língua Gestual Portuguesa, que fora da sala de teatro exista o interesse de aprender esta língua e conhecer um pouco mais desta cultura", admite.


Conceitos como o isolamento, a solidão, a segregação e a desumanização das sociedades modernas são abordados na peça. 


O espetáculo promove também a diversidade da oferta cultural 


"Que esta ideia de diversidade e de acesso não fique restrita a um ambiente protegido que é o do teatro e que estas temáticas rompam as salas de espetáculos e estejam em discussão em cima da mesa no dia-a-dia. Só assim é que de facto se consegue ultrapassar preconceitos", considera o encenador. 


Segundo Marco Paiva, o espetáculo tem "uma forte componente visual", não só porque a língua gestual portuguesa é "muito visual", mas também pelo desenho de luz, paisagem sonora, figurinos e cenografia. "Todos estes elementos corroboram ou dialogam com a própria narrativa que Edward Albee escreve", refere, acrescentando que o espetáculo permite a quem vê, a quem se relaciona, fazê-lo de lugares muito distintos". 


"É um desafio interessante da perspetiva de que o teatro não vem só do lugar da palavra dita. Vem de muitos outros, vem de uma ideia de presença e de todos estes elementos", complementa.

 

Coproduzido pel’A Oficina, ‘Zoo Story’ chega a ao Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães, esta sexta-feira e sábado, às 21h30 e às 16h00, respetivamente.

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