Academia 15.10.2021 17H43
Aumento de 1,5 graus da temperatura do planeta ditará alterações na costa portuguesa
Previsão da Organização Climate Central e do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. A RUM conversou com o investigador José Pinho, do Centro de Território, Ambiente e Construção da UMinho, para perceber que alterações podem ocorrer na costa portuguesa.
Um aumento de um grau e meio da temperatura do planeta, até 2050, irá ditar o alagamento das zonas ribeirinhas da cidade de Lisboa. Um dos locais mais afetados seria o Parque das Nações. Este é um cenário realista, para o qual a Organização Climate Central alertou, esta quinta-feira, através de projeções interativas, mas também já divulgado pelo IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Porém, caso as emissões continuem a subir, a situação pode ser mais preocupante, visto que as projeções menos otimistas apontam para a subida de três graus de temperatura do planeta, já em 2060. Neste caso a linha de costa modifica-se totalmente e o mar invade terra atingindo mais de 800 milhões de pessoas, em todo o mundo.
A RUM conversou com José Pinho, investigador do Centro de Território, Ambiente e Construção da Universidade do Minho e responsável pelo projeto MarRisk, para perceber que alterações podem vir a ocorrer no futuro na costa portuguesa.
"Todas as áreas de estuário como do Minho, Cávado e Lima, estão a quotas baixas. Serão situações mais problemáticas em termos de inundações costeiras. As infraestruturas portuárias terão de se adaptar, sendo estruturas rígidas, com a subida do nível médio do mar ficarão sujeitas a temporais que poderão chegar com mais energia a essas estruturas. De um modo geral, podemos pensar que o fenómeno da erosão poderá intensificar-se", explica.
Recorde-se que a União Europeia comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050, sendo este um objetivo a longo prazo para cumprir o Acordo de Paris. José Pinho diz "ter dúvidas", tendo em conta que são necessárias respostas ao nível das fontes de energia alternativas para que o problema não seja agravado. Também não é garantido que essas novas alternativas sejam mais baratas em relação às existentes, logo esta não é uma "equação fácil de resolver".