O ano lectivo 2020/2021, que arranca entre 14 e 17 de Setembro, é atípico e de aprendizagem para todos. Alunos, professores e funcionários vão ter que aprender a conviver no mesmo espaço, respeitando todas as regras impostas pelas autoridades de saúde e pelo Governo. A cerca de 15 dias do início do ano escolar, há ainda arestas por limar, insegurança e orientações que ainda não foram dadas. 

Agrupamento de Escolas D. Maria II oferece kit de máscaras reutilizáveis a todos os estudantes 

Em Braga, no Agrupamento de Escolas D. Maria II, "900 alunos vão estar em simultâneo no recinto escolar". 

O ano está a ser planeado de forma a que cada turma ocupe sempre a mesma sala, que será desinfectada entre o turno da manhã e o da tarde, ou seja, entre as 13 horas e as 14 horas. Excepção para as salas específicas, onde não é possível garantir esta permanência. 

"O 12.º ano vai ter aulas de tarde, bem como o ensino básico, do 5.º ao 9.º ano, os restantes de manhã. O espaço exterior não é enorme, mas a vontade de voltarem a estar juntos é, e isso obriga a um trabalho mais intenso dos assistentes operacionais", alerta o director em declarações à RUM.

Nas escolas deste agrupamento, assegura João Dantas, "é tecnicamente impossível haver separação". "Os alunos irão estar próximos e nas escolas básicas vão estar sentados lado a lado", acrescentou. Existem algumas mesas individuais, mas o espaço entre elas não ascenderá os 40 cêntimetros, dada a dimensão das salas.

Para minimizar o risco de contágio, e uma vez que o uso de máscara é obrigatório para alunos a partir do 5.º ano, o Agrupamento D. Maria II vai forncer um kit a cada estudante, que contará com "três máscaras de 25 lavagens, para que possam usar uma por mês até ao final do ano". 

Do Governo e das autoridades de saúde não chegou ainda nenhuma orientação sobre as actividades desportivas e extracurriculares, que são, neste momento, uma das dores de cabeça para as escolas. "É das áreas onde estamos com mais dificuldade, os balneários não são muitos e causa-nos insegurança. Poderão haver soluções alternativas, dividindo a turma a meio e cada metade terá um em vez de dois tempos", apontou o director. No caso do desporto escolar, há a agravante de misturar alunos de diferentes turmas. Ainda assim, João Dantas considera que é essencial para os alunos a prática desportiva. 

As cantinas e bares são também um problema. O director não considera "eficaz" o serviço de take-away, apontado como possível solução. "Os alunos terminam as aulas às 13horas, pegam no take-away e vão para casa, almoçam às 14 horas? E os alunos da tarde, pegam no take-away vão para casa e voltam para a escola?", questionou. As cantinas vão manter o horário de funcionamento, entre as 12 horas e as 14h30, com espaço entre as mesas. A segurança, acrescentou o director, poderá ser reforçada com a organização dos horários. As questões de higiene eram já garantidas, com talheres e pão a serem distibuídos em sacos de papel.

O Agrupamento conta com 3.200 alunos, divididos por 130 turmas, com cerca de 26 estudantes por turma.

No Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio lanche será levado às salas e aulas de educação física serão teóricas

Horários desfasados no 1.º ciclo, e intervalos nos restantes. Aulas entre as 8h15 e as 18h45. Cantinas com limitação de pessoas e cuidados redobrados. Bares abertos só para situações excepcionais. Um aluno por cadeira, mas mais de 25 por turma. Será dentro deste cenário o novo ano lectivo nas escolas do Agrupamento Alberto Sampaio.

Com mais de 3.500 alunos, divididos por 140 turmas, os alunos do 3.º e 4.º ano começam primeiro o dia, sendo que os do 1.º e 2.º a iniciam as aulas um pouco mais tarde. Nos restantes ciclos, "não há possibilidade de ter todos os autocarros à disposição dos horários de cada escola, por isso "o objectivo é evitar aglomerações nos intervalos"e não o desfasamento de horários.

Com mais de 25 alunos por sala de aula, "é impossível garantir o risco zero", afirma o director do Agrupamento, que está ainda mais procupado com a chegada do Inverno, já que não há capacidade de todos os alunos "usufruírem do espaço interior", em segurança.

João Andrade assegura que estão ser feitos todos os esforços para que se sente apenas um aluno por carteira, mas isso arrasta outros problemas, dada a dimensão das salas. "No caso das carteiras duplas, temos que dobrar o número de carteiras por sala e não há espaço". "No 1.º ciclo há ainda outro problema, o professor que está a começar a ensinar a ler e escrever precisa de ir à carteira e, para isso, temos que assegurar a sua mobilidade", acrescentou. Tal como no Agrupamento D. Maria II, também aqui cada sala será destinada a apenas uma turma, no turno da manhã e da tarde. 

"Cada escola está a tentar fazer um plano da lotação da cantina, para que possa ser desinfectada entre cada utilização e para que os horários dos alunos permitam idas faseadas ao espaço, sendo necessária articulação com o take-away", explicou João Andrade, que também aconselha os estudantes a almoçar em casa, sempre que possível. 

Quanto ao bar, o Agrupamento de Escolas trabalha no sentido de garantir que a alimentação pedida pelos alunos "seja levada à sala e, preferencialmente, a tragam de casa". 

As aulas de educação física, à semelhança da Escola D. Maria II, esbarram numa dificuldade: dimensão dos balneários. "Parte das aulas terão que ser teóricas, dadas em sala de aula normal, e só conforme disponibilidade das instalações,em rotação, é que farão aula prática", detalhou. 

O Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio conta com mais de 3.500 alunos, divididos por cerca de 140 turmas. Segundo o director, "a procura pelas escolas do agrupamento aumentou" este ano.

Escolas do Agrupamento Carlos Amarante com um aluno por carteira, mas sem distanciamento

Nas escolas do Agrupamento de Escolas Carlos Amarante, haverá 28 alunos por turma, um por carteira, ainda que sem o distanciamento devido à dimensão das salas de aula. À RUM, a directora Hortense Santos diz que "as salas estarão cheias" e as aulas vão decorrer entre as 8h05 e as 19h05. 

A Carlos Amarante conta com 74 turmas e a EB 2/3 Gualtar , do 5.º ao 9.º ano, com 32. No total, em regime diurno, há no agrupamento 3.300 alunos. 

"Iremos pedir que os alunos que puderem tragam a alimentação de casa e sempre que possível a refeição seja take-away, mas vamos funcionar nos moldes habituais ainda que com maiores cuidados de desinfecção e com horários faseados, para que à mesma hora estejam menos alunos na cantina", explicou a directora.

Todos os alunos a partir do 5.º ano serão obrigados a usar máscara, bem como professores, funcionários e visitas, e os hábitos de higiene acrescidos serão "formas de conter a propagação" de um eventual caso, acredita a directora.

DGS prepara documento de apoio com orientações em situações de contágio

A Direção-Geral da Saúde está a preparar um documento de apoio com orientações para os procedimentos a adoptar nas situações em que forem detectados casos positivos de infecção pelo novo coronavírus. "Vamos ter alguns casos em algumas escolas e, dependendo das características desses casos e das dimensões, serão activados mecanismos proporcionais para minimizar cadeias de transmissão", explicou a directora-geral, Graça Freitas. Para já, o desporto escolar "não é uma prioridade, estando actualmente em fase de conclusão um documento sobre a prática de modalidades desportivas". Já a retoma das actividades desportivas extracurriculares dentro da escola será faseada, considerando a diretora-geral da Saúde que "não pode começar tudo ao mesmo tempo".

As escolas já se começam a preparar para eventuais agravamentos da situação pandémica, com a possibilidade de voltarem ao regime misto, com metade dos alunos na escola e outra metade em casa.