Regional 01.10.2024 15H49
Junta S.Victor pede proteção da Confiança e PS responsabiliza CMB pela possibilidade de perder financiamento
Olga Pereira confirma "invasão do edifício há uns meses", mas garante que atualmente ninguém pernoita naquele espaço e que a Polícia Municipal tem feito mais passagens pelo local.
O presidente da Junta de S.Victor quer que a Câmara de Braga promova medidas de proteção do edificado e maior vigilância junto à Confiança, já o PS pretende que o município procure novas formas de financiamento para o projeto da residência universitária para ali projetada, para o caso de se perder o financiamento público.
Recordo que o caso está, agora, nos tribunais, devido à contestação da empresa ABB no que respeita ao concurso para a requalificação da antiga saboaria.
Ontem, na Assembleia Municipal de Braga, o presidente da Junta de S.Victor, Ricardo Silva, alertou para o facto de o espaço estar a ser utilizado por pessoas com dependências, criando um clima de insegurança na zona.
Preocupado com “o processo de requalificação não avançar”, o autarca local lembrou que “o imóvel está num avançado estado de gradação e é invadido por pessoas com problemas de adições várias, promovendo um clima de insegurança na comunidade”. “Teme-se pelo risco de incêndio e pela possibilidade daquele espaço servir como refúgio de meliantes”, acrescentou.
Para Ricardo Silva, “o município de Braga também deve honrar um pacto com os munícipes de saber proteger e salvaguardar o seu património cultural, sobretudo este que está classificado como imóvel de interesse público desde 2020”. Nesse sentido, Ricardo Silva apela ao município que, enquanto aguarda a decisão judicial, “promova medidas de proteção do edificado, nomeadamente evitando as entradas de indivíduos sem autorização que ali pernoitam, e incentivando maior vigilância por parte da Polícia Municipal”.
Do lado do PS, o deputado Eduardo Gouveia responsabiliza o município pela possibilidade de o financiamento público estar em risco. “Nunca há responsabilidade nenhuma quando as coisas correm mal. Se o Município perder este processo, que ninguém quer que aconteça, a culpa não é dos empreiteiros, a culpa é de quem perde no Tribunal e no fim do dia a responsabilidade política é do presidente e do seu executivo”, atirou.
Para Eduardo Gouveia, “caso a Câmara perca o financiamento tem que procurar por todas as vias de financiamento comunitário e, em última instância, garantir que assuma requalificação por meios próprios”.
CMB considera que "não vai ser necessário equacionar outras formas de financiamento” por "acreditar que decisão do Tribunal vai ser favorável"
Já Olga Pereira, vereadora que tutela as obras municipais, acusa Ricardo Silva de “estar impreparado” e de ter tido, na Assembleia Municipal, “uma intervenção perfeitamente extemporânea”. “Tivemos realmente um problema de invasão do edifício, mas já foi há uns meses. O edifício está completamente fechado, com tapumes, mas trata-se de um edifício em ruína e, portanto, tem vários pontos de entrada e, de vez em quando, há violação de um dos pontos e há entradas ilegítimas”, explicou. Segundo Olga Pereira, foi solicitada, na altura, “a ação da Polícia de Segurança Pública” e “a Polícia Municipal tem feito passagens regulares pelo local”.
Questionada pela RUM, a vereadora garante que, “neste momento, não há ninguém que tenha invadido aquele espaço”.
Quanto às críticas que chegam do lado do PS, Olga Pereira “acredita que a decisão judicial do Tribunal Administrativo sobre a adjudicação da obra, que visa transformar a fábrica confiança numa residência universitária, vai ser favorável e que esta empreitada poderá avançar no prazo previsto”. “Estamos muito seguros de que a decisão que o júri propôs à aprovação do executivo é tecnicamente inatacável e, portanto, julgamos que não vai ser necessário equacionar outras formas de financiamento”, apontou.
A vereadora lembra ainda que “quando o edifício foi adquirido, em 2011, pelo anterior executivo, foi sempre numa ótica de recuperação com recurso a oportunidades de financiamento externo, uma vez que a recuperação é muito onerosa para os cofres municipais”. Olga Pereira nega ainda que intenção na aquisição do edifício fosse atribuir-lhe um fim cultural, porque “ainda no mandato do anterior executivo socialista foi lançado um concurso de ideias, tendo surgido nesse contexto mais de 70 propostas de finalidades diferentes de utilização do edifício”.