Delegação de Braga da Liga Contra o Cancro muda-se para espaço da Arquidiocese

A Delegação de Braga da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), que assinala este sábado, 13 de maio, dez anos de atividade, vai mudar-se para as antigas instalações do Diário do Minho, na rua de Santa Margarida. O acordo com a Arquidiocese de Braga está praticamente firmado e metade da renda deverá ser paga pelo Município de Braga. A sede da junta de freguesia da Sé, que acolheu a delegação local nestes últimos anos, é insuficiente para a realização de todas as atividades necessárias para o desenvolvimento de respostas consideradas “cruciais” para as pessoas com doença oncológica em Braga. A novidade foi relevada por Fátima Soeiro, fundadora e presidente da delegação de Braga, em entrevista ao Campus Verbal, ontem à noite.
O contrato de dois anos com a Arquidiocese deverá ser assinado em breve, mas a delegação de Braga, uma organização sem fins lucrativos, sobrevive com donativos da sociedade civil e necessitará, por isso, do apoio do município de Braga para o pagamento de parte da renda mensal, à semelhança do que acontecia até aqui.
Centro de dia é aposta para o futuro
Este novo espaço, que sofrerá entretanto algumas intervenções, traz esperança e lança novos desafios à estrutura, segundo a sua fundadora. “Vamos ter todas as divisões que precisamos para fazer as nossas atividades. Até agora temos recorrido à Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva e à Junta de Freguesia de S. Victor”, locais onde os voluntários da Liga se reúnem e onde são promovidas sessões de grupo e tertúlias. Além do apoio psico-oncológico, a delegação presta apoio social e jurídico, mas quer fazer mais, nomeadamente atividades em grupo e um centro de dia para acompanhar estes cidadãos. Com a nova casa, a delegação terá finalmente “espaço para atividades que vão de encontro aos seus desejos [dos doentes oncológicos]”, sublinha.
Com as novas instalações, a expetativa é desenvolver também um espaço de atividade física para os doentes, com profissionais da área disponíveis para ajudar a título gracioso. O futuro espaço será intervencionado e a expetativa é que num período temporal próximo, os atendimentos sejam realizados online já que o contrato com a junta de de freguesia da Sé termina este mês.
Entretanto, o Município de Braga comprometeu-se a adquirir um terreno para que a delegação de Braga possa construir um espaço de raiz.
Apoio de psico-oncologia é a principal aposta da delegação
Mais de 10.500 sessões em dez anos de atividade marcados pelo acompanhamento direto a 650 doentes oncológicos e os seus familiares
Neste período de atividade oficial, a delegação de Braga, numa fase inicial com a colaboração totalmente voluntária, e só mais tarde com a contratação de profissionais, realizou mais de dez mil e quinhentas sessões de acompanhamento a 650 doentes oncológicos, além de dezasseis sessões em grupo.
O apoio psico-oncológico é uma das atividades mais importantes. Dirige-se ao doente, à família e aos profissionais que lidam diariamente com a doença.
Fátima Soeiro recorda que o lançamento da delegação de Braga veio “responder à necessidade de as pessoas terem apoio psicológico que não encontravam em sítio nenhum” naquela altura.
“As pessoas com doença oncológica tratadas no Hospital não tinham acesso imediato ao apoio psicológico. Passavam-se meses e elas não eram atendidas e a necessidade do bem-estar e de se sentirem fortes para poder vencer o cancro era fundamental e o apoio psicológico dá essas ferramentas às pessoas”, sublinha a fundadora e presidente.
No primeiro ano de atividade tentaram-se parcerias com o hospital e centros de saúde que só se efetivariam mais tarde, daí que numa fase inicial, os próprios profissionais do Hospital de Braga faziam o encaminhamento para a delegação. “Sensibilizamos as pessoas junto das escolas, com tertúlias, conferências, para que as pessoas percebessem a importância deste apoio”, recorda ainda a responsável, também ela psicóloga de profissão. As primeiras parcerias foram encetadas com a Escola de Psicologia da Universidade do Minho, a Escola de Medicina e o Município de Braga. Ligações que têm sido fortalecidas com o tempo, garante.
Nesta fase, a estrutura conta com duas psicólogas a tempo inteiro e uma a tempo parcial, um número ainda “restrito face às necessidades”, admite ainda. A solidariedade continua a ser uma das principais facetas da instituição que nesta fase conta com o apoio voluntário de perto de vinte pessoas.
Apoio jurídico e apoio social são outras dimensões importantes da delegação
Fátima Soeiro lamenta que muitos utentes não conheçam os próprios direitos, daí que seja importante dinamizar seminários sobre o tema dirigidos a doentes e a profissionais de saúde. A delegação de Braga conta com o apoio de uma jurista que acompanha as pessoas com doença oncológico. O apoio serve para a solicitação de atestados multiuso e exposições para as entidades patronais “que muitas vezes não compreendem e não aceitam que um doente oncológico tenha mais regalias que os outros”, lamenta.
Os doentes com carência económica podem também recorrer à Liga Portuguesa Contra o Cancro tendo em vista o pagamento de despesas de deslocações para os hospitais, aquisição de medicação, aquisição de próteses capilares, material técnico, óculos, tratamentos dentários e até apoio pontual no pagamento da renda e fornecimento de capazes alimentares.
Liga financia duas investigações na Escola de Medicina da Universidade do Minho
A ligação à Universidade do Minho acontece de diferentes formas. Nesta fase, a Liga Portuguesa Contra o Cancro está a financiar o trabalho de dois investigadores que trabalham na área do cancro na Escola de Medicina da Universidade do Minho. “Um dos objetivos centrais da liga é a investigação. É um aspeto fundamental para novas formas de tratar o cancro”, justifica Fátima Soeiro.
Em breve será assinado um novo protocolo com o serviço de Psicologia do Hospital de Braga que nesta fase se debate também com dificuldades em atender todas as pessoas que acompanha com doença oncológica.
