CDU quer abolir propinas, reforçar apoios sociais e construir mais residências

Se a CDU entrasse para o governo aboliria no imediato as propinas, taxas e emolumentos e reforçaria, pela via do orçamento de estado, o financiamento nas instituições de ensino superior públicas. O excedente orçamental podia ter sido canalizado para a educação e para o ensino superior, disse hoje, em entrevista à RUM, a cabeça de lista da CDU por Braga, Sandra Cardoso. Mobilidade, saúde, habitação e cultura foram outros dos temas abordados numa entrevista onde a comunista manifestou a convicção da sua eleição para a Assembleia da República no próximo dia 10 de março.

Sandra Cardoso defende que o fim das propinas e o aumento de apoios sociais podem ser um primeiro passo para o combate ao abandono no ensino superior e até mesmo ao ingresso de muitos que não arriscam uma candidatura por motivos financeiros. Considerando “manifestamente insuficiente o número de camas atuais”, – aproximadamente 1400 da Universidade do Minho, – em Braga e Guimarães, e criticando o atraso na resolução das duas novas residências projetadas para estas duas cidades no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a candidata recusa “a tese de que não há dinheiro” e sugere que os milhões de euros de excedente orçamental “teriam sido muito bem investidos na educação e, em particular, no Ensino Superior”.

O programa da CDU propõe ainda “uma nova lei de bases que inclua a componente da investigação e que assegure às instituições de ensino superior condições humanas e materiais para o seu funcionamento”, algo que “agora não existe”, critica.

A cabeça de lista da CDU acusa também os partidos do arco do poder de desinvestirem no ensino superior e sustenta que a não abolição da propina e o “desinvestimento” nas universidades e politécnicos públicos se deve a uma “mera opção política”.

“Temos conhecimento de situações de dois estudantes dividirem um quarto por 500 euros e é só para alguns. Temos tido mais abandono e obviamente que está relacionado com as condições económicas e depois o próprio condicionamento da escolha”, constata. Sandra Cardoso refere que os encargos para quem é deslocado e pretende frequentar o ensino superior continuam a travar o ingresso. “Há gente que quer vir para a UMinho, que não é de cá, mas que não pode vir porque tem custos que não são suportáveis”, sugere.

A CDU propõe “o fim de todas formas de precariedade no ensino superior”, assim como “integrar os falsos docentes convidados que estão a preencher necessidades permanentes”, finaliza.

“Residências privadas a nascer como cogumelos” por falta de residências públicas

Sandra Cardoso vai mais longe e defende que muitas das propostas da CDU relacionadas com estes temas “não avançam com mais celeridade porque as residências privadas estão a nascer como cogumelos”, tal como na saúde com o aumento de hospitais privados. “Há um desinvestimento geral nos serviços públicos, e nós, pelo contrário, defendemos um investimento grande nos serviços públicos para que eles possam cumprir efetivamente a função social de não deixar ninguém para trás”, continua. A candidata refere que a bolsa referente ao alojamento para estudantes economicamente fragilizados é superior quando não há vaga nas residências públicas e que esse valor está a ser pago aos privados que encontraram aqui mais uma oportunidade de negócio.

Mais investimento na saúde, um novo hospital para Barcelos e uma nova ala cirúrgica para Braga

Sobre o futuro do Hospital de Braga, a CDU vai continuar a defender a continuidade desta unidade de saúde enquanto E.P.E. “A CDU propõe tudo menos uma parceria público privada”, esclarece. A candidata recorda que a gestão antiga do Grupo Mello “teve resultados financeiros à custa do serviço prestado aos utentes”, nomeadamente com “transferência indevida de doentes para outros hospitais, corte nos medicamentos e meios de diagnóstico, recusa de prestação de especialidades e encerramento arbitrário de alas e de serviços”. Defende também a construção da nova ala cirúrgica neste hospital.

Já em Barcelos, é preciso construir o novo hospital, “uma necessidade identificada há quase vinte anos”, mas cujas propostas são “reprovadas [na Assembleia da República] por deputados eleitos pelo distrito que não cumprem em Lisboa o que prometem aqui”, denuncia. “Voltamos à mesma coisa que acontece com as residências universitárias que tardam em chegar: em frente ao Hospital de Barcelos nasce um Trofa Saúde. São opções políticas. Vamos priorizar o que é importante e fundamental para a vida dos portugueses ou vamos continuar a arrastar este diminuir de condições para dar lucro a meia dúzia de privados?”, atira.

“Na rua, dizem-nos que a CDU faz muita falta”

A candidata pelo círculo eleitoral de Braga nota que os últimos deputados da CDU eleitos pelo distrito – Agostinho Lopes e Carla Cruz “foram a verdadeira voz da região na Assembleia da República” e sugere um voto de confiança nesta coligação política.

“Digam-me o que é que os últimos deputados eleitos por Braga fizeram por nós. De facto, as queixas são as mesmas: não há uma voz que defenda os interesses da região e os direitos dos trabalhadores na Assembleia da República”, argumenta. Crítica das sondagens que vê como “uma forma de manipulação de voto”, Sandra Cardoso acredita que o eleitorado terá um entendimento diferente em 10 de março. “O voto útil no PS viu-se que é inútil porque o PS fez uma política de direita. Muitas pessoas dizem-nos que não concordam com tudo, mas reconhecem que a CDU faz muita falta. Muitos que deram o voto útil ao PS vão voltar à CDU”, afirma.


Consultar programa da CDU

Ciclo de entrevistas na RUM terminou esta sexta-feira. Segue-se o derradeiro debate entre os cabeças de lista na próxima semana

Encerrou esta sexta-feira o ciclo de entrevistas na RUM com todos os cabeças de lista pelo círculo eleitoral de Braga. As entrevistas completas podem ser escutadas aqui. A Rádio Universitária do Minho procurou entrevistar todos os cabeças-de-lista sem exceção, mas tal não foi possível, por indisponibilidade das referidas candidaturas.

Na próxima semana, 6 de março [quarta-feira], às 18h00, no Centro de Juventude de Braga, a RUM promove um debate com os candidatos pelo círculo eleitoral de Braga que representam partidos com assento parlamentar. A entrada é limitada à lotação do auditório. O debate será emitido na integra no dia seguinte, 7 de março, na antena da Rádio Universitária do Minho,  a partir das 17h00 sendo posteriormente disponibilizado em formato podcast.

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Elsa Moura
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