Regional 25.10.2023 07H00
Diretora do Museu D. Diogo de Sousa à RUM: “Preferia uma tutela regional”
Alexandra Cerveira Lima assumiu funções em novembro de 2022 como diretora dos Museus D. Diogo de Sousa e Biscainhos, em Braga.
A nova Diretora dos Museus de Arqueologia D. Diogo de Sousa e dos Biscainhos, Alexandra Cerveira Lima, no cargo há menos de um ano, admite que “não é fácil” aceitar que o museu de Arqueologia deixe de integrar a Direção Regional de Cultura do Norte, que será extinta, para passar a ser equiparado a uma estrutura municipal.
Na noite de terça-feira, em entrevista ao programa da RUM Campus Verbal, a nova diretora do museu falou pela primeira vez publicamente sobre o assunto, admitindo que “não é de ânimo leve que se encara a extinção da Direção Regional de Cultura do Norte”, notando que a visibilidade destes museus “será diferente”.
No entanto, sustenta, “do ponto de vista do papel do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa de apoio à investigação e produção de conhecimento [o mesmo] tem de ser absolutamente transversal”, tema que certamente levantará aquando da visita da direção da empresa Museus e Monumentos de Portugal a agendar até ao final do ano de 2023, antes da entrada oficial em funções, marcada para o início de janeiro de 2024.
Alexandra Cerveira Lima é clara: preferia que o museu de arqueologia permanecesse na Direção Regional de Cultura do Norte. “Temos a certeza que esta municipalização, que foi entendida muito como uma desqualificação, não era o caminho. Qualquer um dos diretores dos museus preferiria uma tutela regional, pela simples razão que se percebeu que funcionava, e funcionou muito bem”, respondeu.
Na equipa de direção da nova empresa Museus e Monumentos de Portugal está Cláudia Leite, que nos últimos dez anos assumiu a administração do Theatro Circo, em Braga. Um elemento de proximidade que poderá trazer outra sensibilidade para discussões futuras.
“Tenho a certeza que ajuda ser alguém que conhece muito bem a realidade. Há uma sensibilidade, conhece a realidade dos museus e todos os responsáveis”, acrescentou aos microfones da RUM numa entrevista onde abordou as estratégias e investimentos futuros no D. Diogo de Sousa e nos Biscainhos, processos em curso que podem alavancar o número de visitantes e a visibilidade e acesso a estes equipamentos.
Nos meses mais recentes, o anúncio do ministro da cultura da extinção da Direção Regional de Cultura e da criação de uma nova empresa Museus e Monumentos de Portugal, lançando o Museu de Arqueologia para o caminho da municipalização intrigou parte da sociedade bracarense e da comunidade ligada à área de arqueologia. Foi até lançada uma petição pública online contra este objetivo do governo socialista. Também o presidente do município bracarense contestou a decisão, mas sem efeito até ao momento. Tudo aponta para que os museus D. Diogo e Biscainhos integrem esta nova empresa. A petição tem perto de duas mil assinaturas e sustenta que a tutela municipal "não poderá responder ao seu papel regional, de apoio à investigação e de garante de boas práticas no âmbito da Conservação e Restauro que importa prosseguir, apelando a que seja reequacionada esta decisão".