ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

Foto: Ariana Azevedo / RUM
Ariana Azevedo

Academia 07.11.2025 18H23

Docente da UMinho coordena primeiro livro sobre a economia do MotoGP

Escrito por Ariana Azevedo
“The Economics of MotoGP” é o primeiro livro dedicado à economia da classe rainha do motociclismo. A obra tem coordenação de Paulo Reis Mourão, da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política da Universidade do Minho
Paulo Reis Mourão em entrevista à RUM:

false / 0:00

Chama-se “The Economics of MotoGP” o primeiro livro dedicado à economia da classe rainha do motociclismo. A obra é editada pela Palgrave e tem coordenação de Paulo Reis Mourão, docente da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política da UMinho. Elaborado em parceria com Anthony Macedo, da Universidade Lusófona, e Carmen Sánchez‐Carreira, da Universidade de Santiago de Compostela, o livro mergulha em custos e financiamento, observa o equilíbrio competitivo, analisa a inovação e discute a sustentabilidade de um espetáculo que move mais de mil milhões de euros por ano e chega a cerca de 400 milhões de fãs.


Em entrevista ao programa UMinho I&D, Paulo Reis Mourão explica a motivação do projeto e as diferenças face à Fórmula 1. “MotoGP é um desporto imprevisível e isso alimenta o interesse do público em cada corrida.” O economista acrescenta que “na classe rainha o 'prize money' não tem o mesmo peso da Fórmula 1” e que “as equipas vivem sobretudo de direitos televisivos, publicidade e patrocínios”.


O livro olha também para a disparidade de orçamentos e para o papel regulador da organização. “Existem equipas satélite com modelos menos desenvolvidos, menos complexos, e equipas principais com orçamentos muito mais significativos” refere. “A Dorna [detentora dos direitos comerciais do MotoGP] tem procurado várias formas de trazer equilíbrio, não só na redistribuição de recursos como também nos resultados desportivos”, acrescenta o docente. 


A análise inclui impactos económicos e o caso português. “O impacto de uma prova desta dimensão nunca é apenas local ou regional, é sempre nacional e até internacional” afirma. “Para quatro dias podemos falar de um valor em redor de 80 a 90 milhões de euros para a economia nacional”, detalha. A imprevisibilidade é vista como ativo do produto desportivo e até do ecossistema mediático. “As apostas desportivas vivem de desportos imprevisíveis e MotoGP é imprevisível”, assinala Paulo Reis Mourão.


Miguel Oliveira e a referência à Ducati


Miguel Oliveira participa pela última vez no Grande Prémio português, uma vez que na próxima temporada vai competir no Mundial de Superbikes. Paulo Reis Mourão reconhece que a saída tem impacto simbólico, mas antecipa estabilidade na afluência a Portimão. “O público habitual vai manter-se. Muitos adeptos vêm de Espanha, de França e de Itália, é um público fiel e organizado.” A ideia central é que o efeito estrela pode oscilar a atenção mediática nacional, mas o núcleo de fãs e o fluxo internacional sustentam a procura.


A Ducati surge no livro como exemplo de estratégia vencedora. Depois de um ciclo de domínio japonês, a marca italiana voltou ao topo com paciência e investimento em inovação e ligação à investigação aplicada. É uma ilustração de como decisões de longo prazo em engenharia e desenvolvimento alteram o equilíbrio competitivo e, por extensão, a economia do campeonato.


O livro olha também para a disparidade de orçamentos e para o papel regulador da organização. “Existem equipas satélite com modelos menos desenvolvidos e equipas principais com orçamentos muito mais significativos", explica o professor. A organização tem procurado mecanismos que favorecem o equilíbrio no pelotão.


Quanto ao eventual regresso da Fórmula 1 a Portugal, o académico avisa que o caminho é exigente. “Tem de haver um conjunto de promotores nacionais muito bem agilizados junto da Liberty Media” sublinha. “Não basta querer, é preciso mostrar e trabalhar a expressão de vontade e de recursos”, concluiu. 


O UMinho I&D está disponível em podcast em rum.pt.





Deixa-nos uma mensagem