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Vanessa Batista

Cultura 26.12.2022 15H17

Documentarista, radialista mas sobretudo uma apaixonada pelos sons

Escrito por Vanessa Batista
António Durães e Pedro Portela recordam Sofia Saldanha e os seus primeiros passos no mundo da rádio, na RUM.
De Braga para o mundo, quem era Sofia Saldanha aos olhos daqueles que com ela trabalharam nos primeiros anos de rádio.

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Documentarista, radialista, mas sobretudo uma apaixonada pelos sons do mundo. Sofia Saldanha faleceu este domingo, aos 47 anos, vítima de doença prolongada.


Na RUM, entrou aos 17 anos quando ainda frequentava o ensino secundário. Foi na Universitária, ainda 107.8 FM, onde deu os primeiros passos no mundo da rádio. Uma jovem curiosa e cheia de paixões, assim a recorda António Durães, antigo diretor de Programas da RUM.


"Na rádio cumpriu um percurso de cerca de 15 anos. Fez de tudo, das coisas mais básicas às mais complexas e nesse sentido foi amadurecendo um pensamento sobre o que é o som e o mundo. Era absolutamente apaixonada pela imagem. Andava sempre com uma máquina fotográfica. Era uma cabeça no ar (no bom sentido), capaz de ficar pasmada a olhar as coisas mais insignificantes, a descobrir-lhes sentidos. A mesma inocência que foi mantendo", ao longo dos seus 47 anos, segundo revela António Durães.


A voz e as gargalhadas são, para Pedro Portela, das melhores lembranças que guarda da amiga que através de uma simples conversa o ajudava a "rasgar" e alargar horizontes. Criativa e "provocadora", no bom sentido da palavra, "nunca estava conformada com a primeira ideia" o que ajudava a equipa a ir "mais longe" quer nos programas quer na criação de publicidades. O agora docente na Universidade do Minho chegou a convidar Sofia Saldanha para palestras sobre este universo que dominava, o da sonoplastia.


Jovem, com diversas ideias a fervilhar seguiu para o Reino Unido onde completou o Mestrado em Rádio do Goldsmiths College e nos Estados Unidos da América aprofundou a experiência de documentarista no Salt Institute for Documentary Studies.


Atenta aos silêncios que a levaram a descobrir os mais belos dos sons, mesmo aqueles que nos acompanham no quotidiano e por falta de tempo não escutamos, fizeram dela uma mulher inovadora e pioneira, segundo vários críticos. Um dos exemplos é o documentário sobre o universo de Fernando Pessoa transmitido pela RTP.


Rádio, fotografia e por fim poesia. Esta era a terceira paixão de Sofia Saldanha, uma mulher de várias camadas e olhares, que esteve na fundação do Sindicato de Poesia. António Durães revela que estavam a trabalhar junto num recital em homenagem a Ana Luísa Amaral. Brevemente, o trabalho será retomado para que esta seja uma homenagem dupla: à poetisa e à radialista natural de Braga. 


Esta noite, depois das 20h00, a RUM passa o Nunca Mais Me Esquece em que Sofia Saldanha participou.


O velório tem lugar na igreja de Santo Adrião até às 19h30 desta segunda-feira. O funeral acontece amanhã, terça-feira, pelas 14h30. 

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