A elevada taxa de vacinação tem contribuído de forma decisiva para diminuir a sobrecarga de doentes covid nos hospitais. A evidência foi destacada pela diretora do serviço de Infeciologia do Hospital de Braga no programa ‘A Saúde Tem Voz’, emitido este domingo.

Na última semana, Portugal chegou a superar a barreira dos 40 mil casos diários pela primeira vez desde o início da pandemia. No entanto, a repercussão nos hospitais é “infinitamente menor” quando comparada com o cenário registado há um ano. O número de internados é agora de 1.813 doentes (registaram-se 4.653 no boletim de 16 de janeiro de 2021), 168 nos cuidados intensivos (o valor foi de 638).

“É isso que nos diferencia de países como Inglaterra, Alemanha ou Estados Unidos, que estão com uma grande sobrecarga nos cuidados de saúde. Temos uma maior cobertura vacinal”, refere Ana Cláudia Carvalho.

Além da vacinação, o facto de a Ómicron, responsável atualmente por mais de 90% das infeções em Portugal, ter “uma gravidade muito menor” também contribui. A infeciologista explica que esta variante “afeta sobretudo vias aéreas superiores”, o que “provoca nariz entupido e dores de garganta e, por outro lado, menos pneumonia”.

Pegando no historial de outras doenças infeciosas, considera “pouco provável que apareça uma variante que tenha um comportamento no espectro do mais letal”. 

"À medida que o tempo passa, o vírus cada vez se vai adaptando mais ao ser humano, de forma a manter-se entre nós. Causa doença ligeira para poder passar de pessoa para pessoa. Se, num cenário absurdo, as pessoas todas infetadas morressem, o vírus também se extinguia”, descreve o comportamento.