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Vanessa Batista

Regional 09.06.2021 14H29

Gnration será transformado num laboratório vivo em 2022

Escrito por Vanessa Batista
INL e dstsolar vão instalar 15 tecnologias teste no edifício no âmbito do projeto Baterias 2030.
Declarações do líder do grupo de investigação do INL, Pedro Salomé, e do presidente da CMB, Ricardo Rio.

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No final de 2022, o edifício do Gnration vai ser transformado num laboratório vivo pelo INL - Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia e a dstsolar, líder do projeto nacional Baterias 2030. O programa inovador e ambicioso foi apresentado, esta terça-feira, aos Conselheiros de Economia da Comissão Europeia que visitaram o centro.


Aos jornalistas o líder do grupo de investigação do INL, Pedro Salomé, avança que no total serão instaladas 15 tecnologias que podem ir desde "fachadas fotovoltaicas de última geração, a baterias que ainda não chegaram ao mercado, plataformas inteligentes capazes de carregar e descarregar baterias ou ainda tecnologia com capacidade para conetar com outras micro redes". Desta forma, o edifício do Gnration irá tornar-se numa especie de "laboratório vivo", onde serão testadas novas tecnologias num ambiente real, logo este será um projeto que se irá diferenciar por ser "demonstrador". 


O Baterias 2030 está orçado em 9 milhões de euros, sendo que 40% deste financiamento provem de privados e 60% de ajudas estatais. Conta com 14 empresas parceiras e nove institutos de investigação.


Pedro Salomé espera que, em 2023, já seja possível analisar os primeiros resultados desta experiência no Gnration. De frisar que nenhuma das intervenções irá alterar a arquitetura do edifício. "Algumas destas tecnologias têm um nível de prontidão tecnologico bastante alto, podem durar entre 10 a 20 anos, outras ainda estão com um nível laboratorial baixo. É certo que algumas vão falhar, mas é exatamente por isso que necessitamos de um ambiente vivo para detetar falhas e, conseuqentemente, melhorar as coisas", explica à margem da visita da Comitiva Europeia no INL.


O presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, revelou aos jornalistas que o local escolhido, o Gnration e sua envolvente, não foram escolhidos ao acaso. Para a seleção contribuiu o facto de esta ser uma zona de muito tráfego automóvel. Ora, existe a possibilidade de virem a nascer na Praça Conde de Agrolongo carregadores para veículos eletricos ou para trotinetes.


"Nós gostamos de fazer parte do desenvolvimento de projetos piloto", começa por referir o edil que destaca também as preocupações da autarquia com o meio ambiente. "Concordamos porque o uso eficiente de energia seja do ponto de vista da sua produção, armazenamento ou consumo é também uma componente essencial da sustentabilidade", afirma.



INL cria Associação Industrial para trabalhar toda a cadeia de valor das baterias.


Trata-se de um cluster que visa dar mais força às candidaturas portuguesas a financiamento europeu, uma vez que serão apresentados como uma grande entidade. Além disso, esta associação que agrega várias empresas terá capacidade de cobrir toda a cadeia de valor das baterias.


Numa primeira fase na área da metalurgia que inclui a extração, mineração, refinação e reciclagem. Em segundo em termos de produção de materiais, baterias, módulos e toda a eletrónica de controlo. E, por último, uma terceira fase relacionada com o uso das mesmas.


Quando questionado sobre se a grande aposta do INL será no lítio, Pedro Salomé garantiu que o futuro passará pela reciclagem de baterias já utilizadas e, eventualmente, não será necessária a extração de mais matérias primas, visto que a "existente será suficiente para alimentar a rede".


"A extração é o elefante na sala, mas não pode ser colocada de parte", refere o investigador que não esconde que as reservas de lítio em Portugal não são infinitas, por isso, o caminho que este cluster pretende percorrer passa pela utilização de menos lítio e menos cobalto.


Dar uma segunda vida às baterias usadas é, neste momento, a prioridade das indústrias. Contudo, o investigador do INL defende que o caminho deve ser no sentido da reciclagem. "Os processos metalúrgicos de reciclagem são idênticos aos processos metalúrgicos de refinação, logo a mesma instalação quase pode fazer as duas coisas", adianta. Pedro Salomé confessa, no entanto que a reciclagem deste género de componentes ainda está a dar os primeiros passos. 

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