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Pedro Magalhães

Cultura 23.10.2020 15H37

Adaptado à pandemia, festival Semibreve regressa este sábado

Escrito por Pedro Magalhães
Concertos presenciais, no Mosteiro de Tibães, serão transmitidos online e não terão público.
Luís Fernandes revela como vai decorrer a edição deste ano do Semibreve 

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O Semibreve, festival dedicado à música electrónica e à arte sonora, regressa a Braga este fim-de-semana, dias 24 e 25, em formato diferente do habitual, com actividades ao vivo, transmitidas online, e com acesso limitado ao público.


À 10ª edição, e na sequência da pandemia, um dos mais importantes festivais europeus do género apresenta-se num único espaço, o Mosteiro de Tibães, que traduz o conceito de reclusão que o Semibreve quer este ano explorar.


“A lógica de optar por um formato alternativo no Mosteiro de Tibães teve a ver com a questão da pandemia, nesta ideia de reclusão que fomos todos forçados a fazer”, começa por explicar, à RUM, Luís Fernandes, programador do Semibreve.


O festival tinha o cartaz fechado em Janeiro e apontava os espectáculos para espaços como o gnration ou Theatro Circo mas a pandemia obrigou à mudança de planos. “Quando chegou a pandemia, tentámos perceber se em Outubro isto tudo poderia estar debelado mas percebemos que não e achámos que não seria possível fazer um festival que tem em média 700 pessoas por dia, que viajam de vários pontos da Europa”, argumenta o responsável, revelando que a organização nunca colocou em causa a realização do Semibreve 2020, optando antes por uma alteração do programa.


“Começámos a pensar numa ideia de fazer o festival na sua plenitude, sem ser menor, e pensámos num programa de raiz, que quase anulasse as questões performativas e explorasse outras áreas que nunca explorámos e que são igualmente interessantes”.


As áreas exploradas pela edição deste ano do Semibreve reflectem-se, desde logo, nas obras sonoras inéditas encomendadas pela organização aos artistas Jim O’Rourke, Beatriz Ferreyra, Ana da Silva (das Raincoats), Jessica Ekomane, Kara-Lis Coverdale, Keith Fullerton Whitman e Tyondai Braxton. As obras, que também estarão disponíveis no site do Semibreve durante o decorrer do festival, podem ser vistas em formato de instalação no Mosteiro, ao contrário das actuações ao vivo de Laurel Halo (na foto), Oliver Coates, Klara Lewis e do artista audiovisual português Gonçalo Costa . Os espectáculos dos artistas vão estar vedados ao público, sendo transmitidos online em colaboração com o Canal 180.


Além das actuações, Laurel Halo, Oliver Coates, Klara Lewis vão estar em residência artística, acompanhados ainda de Pedro Maia e Nik Void, sendo apresentado o resultado final do trabalho conjunto na edição 2021 do Semibreve. “É uma ponte para o que aí vem”, vaticina Luís Fernandes.



Leque de quatro conversas convida figuras mundiais da arte sonora

O Semibreve não se encerra na arte sonora e vai promover um leque de quatro conversas. No sábado, a primeira conversa, moderada pelo curador Nuno Crespo, vai abordar “a noção de ausência e de proximidade”. No painel, vão estar David Toop, descrito por Luís Fernandes como “um dos grandes pensadores da arte sonora contemporânea", e a compositora francesa Jessica Ekomane (uma das artistas que vai compor uma obra sonora).


Ainda no dia 24, será abordada a relação “do som com o ambiente e a ecologia” e convida Chris Watson, “a principal figura da field recording mundial e que colabora com David Attenborough, na BBC”, e a investigadora Margarida Mendes, numa conversa moderada por Raquel Castro, curadora do Festival Lisboa Soa.


No domingo, as duas conversas vão discutir a influência da pandemia nos mundos performativo e discográfico. A primeira tertúlia vai abordar “a lógica editorial pós-pandémica” e vai contar com a moderação do conhecido jornalista Rui Miguel Abreu e presenças de José Moura, da editora Príncipe Discos, e Mike Harding, da editora britânica Touch. No mesmo dia, será ainda discutida “a lógica performativa pós-pandémica”, numa conversa que terá a moderação de Gonçalo Frota, jornalista do Público, e as presenças de Nik Void (que estará igualmente em residência artística), Alain Mongeau, director do festival de música electrónica Mutek, e ainda Pedro Santos, programador de música na Culturgest.


A entrada para cada dia do Semibreve, que pode ser adquirida aqui, tem o custo de 6 euros, valor que corresponde a uma visita, com a duração máxima de duas horas, ao Mosteiro de Tibães e que vai reverter inteiramente para o monumento.

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