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Nuno Gonçalves
Liliana Oliveira

Academia 12.03.2025 11H40

Relatório Align, Act e Accelerate: Europa deve reforçar investimento em I&D para travar fuga de jovens

Escrito por Liliana Oliveira
Manuel Heitor apresentou, na Universidade do Minho, esta terça-feira, o relatório da Comissão Europeia “Align, Act e Accelerate”, que coordenou. 
Declarações de Manuel Heitor sobre o relatório “Align, Act e Accelerate”

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É preciso reforçar e agilizar o investimento em investigação, tecnologia e inovação, para que a Europa deixe de perder terreno e talento jovem para outras geografias, como os Estados Unidos da América.

Manuel Heitor, antigo ministro da Ciência, Inovação e Ensino Superior no Governo de António Costa, liderou o relatório da Comissão Europeia “Align, Act e Accelerate”, que apresentou, ontem, na Universidade do Minho. 


“Caminhamos para uma fase onde a defesa é vista como o principal motor de competitividade e isso tem que exigir mais investigação e desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento”, começou por evidenciar o professor.

Manuel Heitor diz ser necessário “mais do que nunca” ter como prioridade “a qualidade do trabalho dos mais jovens, em particular na academia e nas carreiras científicas”. “A Europa sofre de um abandono de jovens talentosos nos últimos 15 anos”, adiantou. Em alguns países europeus, um jovem demora mais de duas décadas a chegar ao topo da carreira, mas, por exemplo, nos Estados Unidos consegue atingir esse patamar em cinco anos. É, por isso, necessário travar esta fuga do talento. “Portugal é um caso de sucesso, mas tem que continuar a trabalhar na promoção e desenvolvimento de melhores carreiras científicas, dando atenção à qualidade do trabalho dos jovens”, afirmou Manuel Heitor.


O ex-governante está certo de que as instituições de ensino superior portuguesas “estão muito bem preparadas” para travar esta fuga de talento. Ainda que Portugal seja a exceção, num quadro em que Itália e França são “os casos mais dramáticos”, “há ainda muito para fazer”. “A UMinho, tendo o regime de fundação, está muito bem preparada, mas é preciso querer fazer e atuar. As comunidades académicas têm práticas conservadoras e sei a dificuldade que é mudar, mas temos que ter um quadro de referência europeu de grande coesão europeia, mas é necessário reforçar o investimento na formação avançada”, acrescentou Manuel Heitor.


O relatório aponta ainda a necessidade de “acelerar os mecanismos de avaliação e financiamento”. ”Não podemos ter uma ideia excelente que espera dois anos para ver aprovado o financiamento”, exemplificou.

O coordenador do trabalho lamenta que estejamos “num mundo fortemente dominado pela burocracia” e, por isso, propõe às instituições que “experimentem”. “Ninguém sabe fazer, de um dia para outro, sistemas de avaliação e de financiamento melhores, mas temos que experimentar novos esquemas”, frisou.

Estes são tempos de “grandes desafios e de uma grande oportunidade”, mas a Europa “investe pouco no conhecimento”, finalizou o coordenador do relatório “Align, Act e Accelerate”.

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