Academia 20.01.2023 18H18
Ex-presidente da AAUMinho denuncia “encerramento de quartos, por falta de condições”
Duarte Lopes, representante dos estudantes no Conselho Geral, denunciou, esta sexta-feira, que os problemas infraestruturais das residências universitárias já obrigaram ao encerramento de quartos.
Há quartos nas residências da Universidade do Minho que foram encerrados, por não reunirem condições para receber estudantes. A denúncia foi feita esta sexta-feira pelo ex-presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, Duarte Lopes, na reunião do Conselho Geral.
Os problemas infraestruturais não são de agora, mas, no caso das residências, parecem estar a agravar-se e os representantes dos estudantes mostraram-se, hoje, preocupados com a situação, que, no seu entender, pode agravar ainda mais as questões do alojamento estudantil.
O conselheiro criticou a diminuição da verba transferida pela UMinho para os Serviços de Ação Social (SASUM), comparativamente a 2022, e lamentou que para a resolução destas questões infraestruturais esteja apenas alocada uma verba de “cerca de 50 mil euros”, no orçamento dos SASUM para 2023.
“As residências são um problema, o pavilhão desportivo é outro. Ambas as instalações precisam de obras com urgência, a risco de ficarem inutilizadas e agravar os problemas do alojamento”, começou por apontar, denunciando “o encerramento de quartos, por não reunirem condições para receber estudantes”.
“O orçamento prevê apenas cerca de 50 mil euros para este tipo de intervenções, que não vai chegar para fazer frente a estes desafios. Sei que não vamos fazer tudo este ano, mas esta verba fica muito aquém das necessidades”, criticou.
Rui Oliveira lembrou a redução de verba transferida pela UMinho para os SASUM em 2019, de 648 mil euros para 250 mil, algo que volta acontecer este ano, com uma diminuição de 150 mil euros, e questionou o impacto que isso teve na gestão dos Serviços. "Começam a colocar-se entraves graves, como a requalificação das residências, que podia ter sido feita aos poucos, e agora não pode, assim como temos problemas no pavilhão desportivo. Essa falta de financiamento está a bloquear estas intervenções, que fazem a diferença no dia a dia", apontou.
O antigo presidente da Associação Académica referiu ainda que "os estudantes não escolhem ir, por vontade própria, para as residências, porque estas não têm condições, eles são empurrados a isso", por força dos preços do mercado. Rui Oliveira lembrou que, há mais de uma década, as residências da UMinho eram consideradas de "qualidade" e "de há uns anos para cá" essa impressão tem baixado consideravelmente. Para o antigo estudante, o cenário é idêntico no que diz respeito às infraestruturas desportivas, que, aponta, pode levar a UMinho a perder "competitividade desportiva".
Têm que ser garantidas "condições mínimas nas residências e isso requer um plano de intervenção que está já a ser trabalhado", diz reitor
Na resposta, o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, reconhece que a verba alocada “é pouca”, mas considera-a “um sinal” que a instituição está a dar. “Durante muitos anos, não foi possível alocar os recursos necessários para a manutenção regular dos edifícios, porque também foi necessário canalizar uma verba muito significativa para acorrer a uma situação concreta numa das nossas escolas”, começou por justificar o responsável máximo pela instituição.
Rui Vieira de Castro lembrou, no entanto, que, “este ano, há verbas no orçamento da Universidade, já aprovado, para este efeito, como há no dos SASUM”. “A chave é termos uma clara perceção de quais são as prioridades e os recursos”, apontou. Para o reitor, "a questão importante é se os serviços prestados pelos SASUM à comunidade estudantil foram significativamente afetados pela redução do investimento". "Houve impacto como houve em toda a estrutura da Universidade. Do meu ponto de vista, isso não colocou em causa os serviços essenciais prestados. Podiam ser de maior qualidade, se os recursos financeiros disponíveis fossem outros", acrescentou.
O responsável lembrou ainda que "o orçamento não é o retrato do que vai ser o ano dos SASUM, porque é um documento provisional". Rui Vieira de Castro admitiu que têm que ser garantidas "condições mínimas nas residências e isso requer um plano de intervenção que está já a ser trabalhado, envolvendo as comissões de residentes e a Associação Académica", e aponta novidades a este respeito para uma próxima reunião do Conselho Geral.
No Plano de Atividades dos SASUM para 2023, é traçado como objetivo a requalificação e reabilitação do parque desportivo da UMinho, a reparação das infiltrações nos telhados dos Complexos Desportivos de Gualtar e Azurém, bem como a melhoria da climatização e o isolamento térmico destes espaços.
No que toca às residências universitárias, os SASUM comprometem-se a "assegurar uma taxa de ocupação que garanta a sustentabilidade e o aproveitamento dos espaços disponíveis nas Residências Universitárias, garantindo uma taxa anual de ocupação superior a 95%". Além disso, querem, em todas as residências, "substituir os equipamentos e mobiliário em fim de vida (micro-ondas, frigoríficos, máquinas de lavar/secar, cortinas, colchões, etc.), efetuar trabalhos de reparação e pintura em quartos e espaços comuns danificados e modernizar o sistema de acessos das entradas dos edifícios/blocos".
Na Residência de Santa Tecla, de acordo com o plano, é necessário "remodelar a sala de convívio e a sala de informática, aumentar a oferta de espaços de confeção de alimentos e substituir mobiliário na cozinha do Bloco D". Já na Lloyd Braga, o objetivo é "modernizar o sistema de acesso aos quartos da residência, estudar a ampliação do espaço de cozinha e reformular a sala de informática". Na Residência Universitária de Azurém, o"plano passa por implementar uma cozinha, de forma a disponibilizar aos residentes um espaço para preparação e confeção de alimentos e remodelar as salas de estudo e de informática". Por fim, na Residência dos Combatentes, os SASUM assumem que é preciso "reparar a fachada do edifício".