A Câmara de Braga assegura que o hotel previsto para o ainda quartel dos Bombeiros Voluntários de Braga vai salvaguardar a identidade do edifício. Está prevista a construção de uma unidade hoteleira no espaço localizado na Largo Paulo Orósio, na União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade, com 36 quartos, com quatro pisos acima da cota soleira, mais um de garagem.

Foi aprovada, esta segunda-feira, “a excepcionalidade", que permite um volume de construção que ultrapassa as “altimetrias” predominantes do edificado envolvente, o que contraria o Código Regulamentar do município de Braga,  com abstenção de PS e CDU.

O actual quartel dos Bombeiros Voluntários de Braga vai ser transformado num hotel.

Em contra-partida, a empresa privada Capacitygadget vai pagar cerca de um milhão e meio de euros para construir o novo quartel dos Bombeiros em São Paio de Arcos, num terreno doado pela autarquia.

Carlos Almeida, da CDU, considera que a “Câmara podia ter uma palavra a dar neste processo, se tivesse interesse em ficar com o edifício”. Embora reconheça o “sentido de oportunidade para os bombeiros” e a importância da revitalização do espaço, Almeida considera que “a intervenção seria mais positiva se fosse feita do ponto de vista do uso colectivo”.

Ricardo Rio lembrou que, dessa forma, teria que ser a autarquia a “assumir a construção do novo quartel, estamos em causa um valor nunca inferior de 1,5 milhões de euros, bem como a reabilitação do edifício para qualquer fim público que viesse a ser designado”. “A Câmara não tem que se substituir ao privado quando dos privados pode resultar uma solução que cumpre os objectivos gerais, quer de reabilitaçao da zona como da construção de um quartel, que acontecerá se o projecto for avante”, acrescentou.

“Serão acautelados, com todo o rigor, eventuais vestígios arqueológicos ali existentes”

O PS lembrou “o parecer condicionado da Direcção Regional da Cultura do Norte ao projecto de arquitectura, relativamente às necessárias escavações”. Artur Feio considera que antes de qualquer parecer deveriam ser feitas sondagens arqueológicas.

O projecto prevê intervenções ao nível do subsolo e Carlos Almeida alerta para a necessidade de serem “dadas garantias de que o subsolo não sofrerá alteração no caso de aparecerem vestígios arqueológicos”.

A garantia foi deixada pelo verador Miguel Bandeira: “Serão acautelados, com todo o rigor, eventuais vestígios arqueológicos ali existentes”.

“Trata-se de uma área extremamente sensível do ponto de vista arqueológico. O próprio edifício dos bombeiros, num passado distante onde não era reconhecida a existência de vestígios, já terá destruído aquilo que porventura subsistiu até à construção do quartel. Até pode ser suspensa a intervenção ao nível do subsolo ou integrado o que possa ser descoberto”, afirmou Bandeira.

O vereador referiu ainda que “será um projecto de referência para a arquitectura contemporânea da cidade”. Miguel Bandeira frisou que será “bom para todas as partes envolvidas e a cidade ficará servida com a reabilitação de uma praça que precisa de ser recuperada para a população, em vez de continuar como um estacionamento”.

O ponto foi aprovado, com abstenção do Partido Socialista e CDU.