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Elsa Moura

Cultura 15.03.2023 14H17

Faltam espaços para fixar artistas na região

Escrito por Elsa Moura
Os programadores do gnration (Braga) e do CIAJG (Guimarães) consideram, em entrevista à RUM, que a região ainda não está a conseguir fixar artistas e lançam propostas que podem ajudar a mudar este paradigma.
Declarações de Luís Fernandes e Marta Mestre no programa Campus Verbal

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Faltam espaços que permitam a fixação de artistas no território minhoto e medidas que tornem cidades como Braga e Guimarães mais atrativas para estes profissionais. A falha é identificada pelos programadores do gnration e CIAJG, convidados desta semana no Campus Verbal, da RUM.


Luís Fernandes, diretor artístico do gnration, admite que se trata de um "problema complicado de contornar", uma vez que as cidades de Braga e Guimarães apresentam-se com escalas "diferentes" das grandes cidades e, "hipoteticamente,  menos apelativas para um jovem que cá nasce poder permanecer".


Uma opinião partilhada por Marta Mestre que considera o território "apelativo", ainda que nas artes, a "precariedade" seja um fator que pode influnciar a dinâmica atual. Por isso, defende, programas como os Laboratórios de Verão devem ser "continuados, sistémicos, estruturais, e que consigam ter dez ou vinte anos, porque é a partir daí que conseguimos extrair toda uma geração que pode beneficiar dessas estruturas". "Um paradigma que está a mudar na programação de espaços culturais no mundo é, talvez, um paradigma que pode focar mais nestes apoios à criação e menos numa programação desenfreada", sustenta.


O programador do gnration defende ainda estruturas que permitam apoiar continuamente artistas, assim como a oferta não institucional, espaços mais livres que "são essenciais para a vitalidade deste meio". Luís Fernandes realça a necessidade de um reforço da oferta educativa e sugere também a disponibilização de espaços para artistas trabalharem, dando como exemplo de partida, as salas de ensaio no Estádio 1º de Maio. "O investimento não foi nada de especial e, se calhar, era o tipo de estratégia que podia ser usado para outras áreas, como as artes visuais, para a performance, ocupar espaços que estão inutilizáveis a um baixo custo, ter um modelo de gestão bastante mais justo e bem trabalhado", exemplifica.


Desafiada a colocar-se no papel de ministra da cultura por um dia, Marta Mestre aponta para a vida do artista na reforma, na situação de velhice.


"Trabalharia na questão dos direitos relacionados à questão do artista, ao estatuto. Ser artista não é das 8 às dez da noite. É um pouco essa noção de tentar fazer com que a sociedade entenda essa criação sem horário, sem tempo, 24 horas sob 24 horas", sublinha.


"Se fosse ministro por um dia faria um reforço na ligação entre os ministérios da cultura e da educação" - Luís Fernandes, programador gnration


Desafiado a colocar-se no papel de 'ministro da cultura por um dia', Luís Fernandes deu nota do "défice de articulação entre o ministério da educação e o ministério da cultura". "Parte fundamental da nossa relação, como povo, com as práticas culturais e artísticas passa por começar, desde pequenos, a ter ferramentas para que [os nossos filhos] saibam que é totalmente normal e desejável ir ver uma exposição, ir ver uma peça de teatro, ir ver uma peça de dança ou um concerto".

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