“Quero ser eleita por acharem que tenho as qualidades que justificam a minha eleição”

Maria Clara Calheiros, Professora Catedrática na Escola de Direito da Universidade do Minho, defendeu esta manhã a sua candidatura ao cargo de reitora da instituição.

“É um momento importante do exercício de democracia na governação da Universidade do Minho”. Foi com estas palavras que Maria Clara Calheiros iniciou a audição no Conselho Geral, tendo em vista a eleição para reitora, na manhã desta terça-feira. “Universidade do Minho: Ousar ser Mudança no Mundo” é o título do Plano de Ação da docente da Escola de Direito.


A professora Catedrática na Escola de Direito assume que foi uma decisão “muito ponderada” que teve como impulso dois fatores “determinantes”, a votação das listas de representantes de professores e investigadores nas eleições do Conselho Geral que, interpretou como “um inequívoco desejo de mudança de rumo e de protagonistas” e, “por outro lado, os relatos de um certo estado de desalento de bloqueios, hesitações e indefinição de estratégias”.

Num passado recente, Maria Clara Calheiros desempenhou, entre outras funções, o cargo de presidente da Escola de Direito e presidente do Conselho Pedagógico da Escola de Direito. Na audição desta terça-feira referiu algumas caraterísticas que considera importantes para o exercício das funções a que agora se candidata, nomeadamente “competências técnicas, conhecimento institucional e experiência de governação”. 

“Vejo-me como uma pessoa trabalhadora, determinada, preserverante e, fruto das vicissitudes de uma vida que nem sempre foi fácil, com capacidade, empatia, resiliência e otimismo”, detalhou.

A candidata a reitora repetiu a convicção de que “não faz sentido apresentar nomes” para a equipa que a irá acompanhar se for eleita.

Eu quero ser eleita por acharem que tenho individualmente as qualidades que justificam a minha eleição. Não se entenda como uma afirmação egocêntrica, é mesmo como uma afirmação de convicção de que isto é aquilo que garante a uma pessoa eleita nestas condições a mais ampla liberdade para escolher a equipa. A minha não está escolhida, vai-se constituir se eu for eleita”, disse, recordando exemplos de outras universidades do país onde os candidatos a reitor não apresentam equipa reitoral ou até o caso das eleições legislativas em que o eleitorado não escolhe um governo completo.

“É preciso simplificar procedimentos internos que ajudem na obtenção de receitas”

A propósito da sustentabilidade financeira da UMinho para os próximos quatro anos, a candidata a reitora aponta a necessidade de “melhorar alguns procedimentos internos” para os projetos de investigação e defende a criação de estruturas que possam ajudar na obtenção de receitas. Diz também que é preciso “continuar a fazer valer a voz da UMinho na tutela para eliminar constrangimentos externos e, ao mesmo tempo, no plano interno, procurar simplificar”. Maria Clara Calheiros quer, enquanto reitora, ter uma voz ativa junto do poder central e uma atitude “reivindicativa no CRUP e no consórcio UNORTE.PT”.

Clara Calheiros defende a criação de estruturas que permitam agilizar trabalhos de consultoria técnica no exterior

Na opinião da candidata, “uma área interessante de obtenção de receitas onde existe grande margem de crescimento são os processos de prestação de serviços ao exterior”. Lembrando que a universidade é procurada, diz que “não há processos claros de identificação de um interlocutor que pudesse canalizar essas necessidades de obtenção de uma consultoria técnica ou de uma perícia”, daí que defenda a criação de “estruturas” que permitam esse interface “mais fácil”.

A Universidade do Minho deve ficar com os seus melhores investigadores e apostar mais em projetos europeus

Sustentando que a investigação “é o ensino de amanhã”, Maria Clara Calheiros refere que os alunos são “essenciais” para que a investigação avance. “Julgo que é necessário que haja um olhar para os investigadores que estão neste momento na universidade no sentido de ficar com os melhores. Se não, não vamos ter investigação nem manter a excelência no ensino”, argumentou. 

Sobre a aposta em projetos europeus, com financiamentos mais atrativos, a docente da Escola de Direito realça que “são mais simples na forma como se gerem face a programas nacionais”, reconhecendo que para a UMinho lá chegar necessita de “fazer planeamento, de uma estratégia, e de identificar aqueles que poderão ter mais perfil para chegar a estes valores de financiamento”.


Ainda no que se refere ao subfinanciamento do Ensino Superior, Maria Clara Calheiros defende uma única voz a nível nacional, levando a que a tutela “ofereça um quadro que ajude as universidades a fazer esta aposta estratégica”.


Política de internacionalização deve passar por atrair estudantes, docentes e investigadores estrangeiros

Na opinião da candidata, a Universidade do Minho deve ter como premissa a atração não só de estudantes, mas também de professores e investigadores. 

Apontando a internacionalização como “um elemento potenciador do cumprimento da missão da universidade”, a candidata a reitora nota que a UMinho precisa de “pensar com as unidades orgânicas, os estudantes e todos os trabalhadores, docentes e investigadores a construção de um plano global” onde conste a investigação, o ensino e a interação com a sociedade.

Sobre a inovação pedagógica, a docente da Escola de Direito diz que é possível “incorporar instrumentos” que a pandemia obrigou a comunidade académica a usar no último ano e meio.

O facto de ser mulher não escapou a uma observação no leque de questões que esta manhã lhe foram dirigidas. Nesse aspeto, Maria Clara Calheiros realçou que não pretende ser eleita pela sua condição de mulher, mas sim “de pessoa”, ainda que não ignore que “há poucas mulheres nos lugares de decisão”.


UMinho deve aproveitar PRR para alojamento universitário e potenciar acordos com agentes privados

Questionada sobre o défice de alojamento estudantil nas cidades de Braga e Guimarães, onde estão instalados os principais campi da UMinho, a candidata a reitora considera que através do PRR a instituição tem agora “uma oportunidade de melhorar a situação” com a construção de residências públicas, mas assume-se também uma defensora de parcerias com agentes privados, à semelhança do que já acontece no Porto e noutras cidades do país.


A cultura na UMinho deve ser trabalhada com agentes culturais externos à instituição

No que respeita à estratégia cultural, defensora de uma parceria entre unidades culturais e outros agentes culturais, Maria Clara Calheiros sugere que se “olhe de outra maneira para os espaços exteriores” da instituição com iniciativas que tragam “programação cultural contínua para os campi”, que vá de encontro aos jovens.


“Em jogo estão duas visões de universidade”

A finalizar a audição, a candidata realçou que em jogo estão, efetivamente, duas visões de universidade. “Apresento-me hoje aqui com um sentimento de dever cumprido. Existe hoje, porque existem duas candidaturas, duas visões da universidade, uma bifurcação no caminho desta instituição. Este facto responsabiliza particularmente este Conselho Geral pela escolha de por onde seguir, tanto mais que exerce essa escolha através de um mandato que é um mandato de todos aqueles que são os verdadeiros titulares desse poder de escolha”, afirmou, referindo-se aos estudantes, investigadores, docentes, trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão.

A professora catedrática na Escola de  Direito  foi a primeira a ser ouvida no âmbito da sua candidatura ao cargo de reitora da instituição de ensino superior minhota. A audição de Rui Vieira de Castro, Professor catedrático do Instituto de Educação e recandidato ao cargo decorre ao longo da tarde desta terça-feira.

A eleição decorre na manhã desta quarta-feira, em sede de Conselho Geral, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Minho, no Largo do Paço, em Braga.

Partilhe esta notícia
Elsa Moura
Elsa Moura

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
UMinho I&D
NO AR UMinho I&D A seguir: Livros com RUM às 21:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv