ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

ABIC
Elsa Moura

Academia 03.04.2024 17H11

ABIC vai pedir reunião ao novo ministro e avisa que não deixará de reivindicar

Escrito por Elsa Moura
A vice-presidente da Associação de Bolseiros de Investigação, Sofia Lisboa, é a convidada desta semana no programa de grande entrevista da RUM 'Campus Verbal'.
Declarações de Sofia Lisboa, da ABIC

false / 0:00

A ABIC - Associação de Bolseiros de Investigação vai solicitar uma reunião com novo o ministro da Educação, Ciência e Inovação e promete um papel reivindicativo ao longo do mandato ainda que considere que o facto de Fernando Alexandre ser professor universitário e investigador não signifique uma mudança nas políticas voltadas para a investigação, dando como exemplo a ministra cessante, Elvira Fortunato, também ela cientista.


Em entrevista à RUM, a vice-presidente da ABIC, Sofia Lisboa, foi objetiva na análise à escolha de Fernando Alexandre para ministro da tutela, manifestando pouca confiança até pelo que são as opções previstas da Aliança Democrática para esta área. "Não achamos que é um problema ou uma vantagem, pelo menos não nos descansa. Temos uma ministra que acabou de terminar o seu mandato e que é investigadora, e que era a primeira a falar para aqueles que são precários e que foram precários toda a vida dizendo que a precariedade é uma oportunidade para sermos inovadores e não ficarmos relaxados", lembrou.


Assumindo "algum ceticismo", Sofia Lisboa defende investimento na ciência de uma forma transversal, ressalvando o aspeto dos seus profissionais. "É uma questão de opções de fundo e não nos tranquiliza o programa da AD nestas matérias. Portanto, vamos ficar a aguardar, mas não é sentados, vamos pedir uma reunião e apresentar o nosso caderno reivindicativo, que é conhecido", assegurou.


"Fim da ABIC é o nosso principal objetivo" - vice-presidente ABIC


Sofia Lisboa considera determinante o fim do estatuto do bolseiro para que os investigadores nas universidades públicas e centros de investigação assegurem uma situação laboral como qualquer outra em Portugal.

O objetivo primordial da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) passaria "pela extinção da associação de bolseiros", atira. "Nós não queremos mais bolseiros e isto para acontecer teria de ser abolido o estatuto de bolseiro de investigação, que rege o nosso trabalho. Queremos uma relação laboral normal como qualquer outra", argumenta.


A investigadora de 31 anos sustenta que rendimentos estáveis asseguram outras possibilidades na dimensão da investigação que se faz no país, porque o objetivo é que as instituições tenham investigadores "com vínculos estáveis, a trabalhar para desenvolver a ciência em Portugal, para não estarem permanente preocupados com captação de financiamento". Diz também que uma pessoa com rendimentos estáveis "pode ter muito mais facilidade para concorrer a projetos europeus, para projetos de investigação, porque não está preocupado permanentemente a preencher formulários para garantir os seus rendimentos".


Além da prcariedade, a doutoranda em História Contemporânea na Nova de Lisboa lembra que em causa não estão apenas questões laborais, uma vez que faltam recursos financeiros e técnicos. "Temos os nossos salários mas depois não temos dinheiro para trabalho de campo, para adquirir bibliografia, para viajar para seminários e outro trabalho noutras universidades no estrangeiro. São realidades muito próprias das nossas condições de trabalho", exemplifica com o caso das ciências sociais.


FCT Tenure não resolve as necessidades atuais


Já numa análise ao FCT Tenure, que surge através do PRR como um novo instrumento de financiamento da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) desenhado com o objetivo de promover a contratação de doutorados exclusivamente para posições permanentes, a direção da ABIC nota que não vai resolver as necessidades da investigação científica em Portugal e deixará milhares de profissionais à margem. "(...) Não resolverá nem no número de investigadores nem para uma resposta de fundo às necessidades de combate à precariedade na ciência, de se encarar um outro paradigma em que a investigação científica em Portugal não é feita com base na rotatividade de quadros altamente qualificados mas precários", responde.


A entrevista completa da dirigente da ABIC ao programa Campus Verbal já pode ser escutada em podcast.


Deixa-nos uma mensagem