Hospital de Braga gasta 14 ME a operar doentes no privado por falta de espaço

Nos últimos dois anos, o Hospital de Braga gastou quase 14 milhões de euros para fazer mais de 19 200 cirurgias nos privados, com os médicos da casa, por falta de instalações.

As operações foram realizadas nos hospitais do grupo Trofa e das misericórdias de Felgueiras, Póvoa de Lanhoso, Vila Verde e Riba d’Ave e os 14 milhões de euros incluem despesas com enfermagem, anestesistas, equipamentos, dispositivos médicos, medicamentos, assistentes operacionais e hotelaria.

Administração espera lançar o projeto do novo edifício de cirurgia ainda este ano, mas falta luz verde do Governo

Continua por aprovar o projeto do novo edifício de cirurgia de ambulatório e das atuais 13 salas operatórias, apenas duas são para a urgência e, segundo a administração, não chegam para as necessidades.

“O Hospital abrange um milhão e 200 mil habitantes, é a maior lista de espera da ARS Norte e a alternativa era aumentar a lista de espera cirúrgica, que, em 2019, era de 19 mil doentes e em março deste ano era de 12 mil”, adiantou o presidente do conselho de administração, João Porfírio Oliveira. O responsável admite que “há especialidades que ainda têm um tempo de espera superior àquilo que é recomendado” e, por isso, é necessário “fazer mais cirurgias para além daquelas que se fazem”. Para que o cenário mude, diz o administrador, é necessário “construir um hospital de ambulatório”. 

“É um plano que já tem parecer favorável da direção executiva do SNS e eu gostaria muito deste ano ter a aprovação e lançar o projeto”, revelou João Porfírio Oliveira. Para dar andamento ao projeto falta a luz verde do Governo a um novo edifício adjacente ao Hospital, que está orçado em 40 milhões de euros, e que vai permitir criar salas exclusivas para a cirurgia cardíaca e a cirurgia vascular.

A RUM pediu mais esclarecimentos ao ministério da Saúde sobre este assunto, mas ainda não obteve resposta.

Há 40 mil pessoas à espera de consulta 

A administração da unidade hospitalar bracarense garante que “cerca de 80% dos doentes aceitam ser operados fora” e que “a relação médico-doente nunca é beliscada”. “O médico que acompanha o doente sabe exatamente a história clínica do doente que tem à frente”, explicou. João Porfírio Oliveira garante ainda que esta opção evita “um conjunto significativo de vales cirúrgicos, que ficariam bem mais dispendiosos para o hospital”.

As consultas têm uma lista de espera que ronda as 40 mil pessoas e, por isso, o Hospital pondera monitorizar à distância de doentes crónicos. Também aqui a falta de espaço parece ter efeito, uma vez que com mais salas seria possível realizar mais 25 mil consultas por ano. Ainda assim, só em 2022 foram realizadas mais de meio milhão de consultas. Braga vai alargar o período de exames clínicos (meios complementares de diagnóstico e terapêutica) ao fins de semana e feriados e para facilitar o contacto do doente com a unidade hospitalar, deverá avançar em breve uma aplicação para o telemóvel.

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Liliana Oliveira
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Sara Pereira
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