É na Universidade do Minho, mais concretamente, no Instituto de Ciências da Vida e Saúde (ICVS) que pela primeira vez será observado, em tempo real, um neurotransmissor responsável pelos estímulos que originam sensações de prazer e aversão.

Trata-se de uma abordagem "pioneira" que é possível graças a um novo sensor florescente que foi desenvolvido na UMinho. Ana João Rodrigues, coordenadora da investigação, frisa que a equipa é diversificada e multidisciplinar, caracetrística que é possível graças à colaboração de investigadores dos Estados Unidos e do Brasil.

Estes profissionais trazem know-how sobre áreas como neurociências computacionais e desenvolvimento de ferramentas, como é o caso deste sensor florescente.

Aos microfones do UM I&D, a responsável explica que já era possível registar a actividade dos neurónios nucleus accumbens, tipicamente associados ao prazer. Contudo, essa actividade era feita apenas em animais anestesiados. Ora, esta investigação dá um passo em frente e acredita que irá conseguir registar estes neurónios "enquanto os ratinhos estão acordados e a desempenhar uma tarefa com estímulos positivos e negativos". Tudo isto com uma "resolução anatómica óptima".  

O projecto de investigação denominado “Encoding reward and aversion in the mammalian brain: the overlooked role of endogenous opioids”, pode vir a contribuir para um maior conhecimento da depressão e adição. Estas patologias apresentam alterações no neurotransmissor que a equipa do ICVS vai analisar.

Ana João Rodrigues sublinha que este não é um objetivo do trabalho. Porém, ao compreender como "um cérebro normal processa essa informação (estímulos positivos e negativos)", pode ajudar a compreender os mecanismos adjacentes a estas doenças.