Academia 07.01.2025 08H17
Internatos em Medicina. Ano comum "é ótimo para aprender e crescer como médico"
A RUM falou com alguns dos médicos da ULS de Braga que começam agora em janeiro uma nova etapa na sua carreira profissional.
Começaram em janeiro, por todo o país, as formações gerais e especializadas dos médicos internos. A Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga integra, este ano, 66 médicos internos para formação geral e 82 médicos internos para formação especializada.
Após o ano de formação geral, também conhecido como 'ano comum', os médicos podem escolher a área de especialização que pretendem, que implicará o cumprimento de um novo internato, embora diferenciado, que poderá durar entre quatro e seis anos.
Tiago Pina, natural de Paços de Ferreira e estudante do mestrado integrado em Medicina na Universidade do Minho, escolheu o Hospital de Braga para fazer o 'ano comum'. "Acho que o nosso ano de formação geral é passar por diferentes áreas e perceber um bocadinho melhor como é o dia-a-dia de um especialista e, também, para nos ajudar a tomar uma decisão e escolher uma especialidade que gostemos", conta à RUM.
O jovem estudante ainda não sabe que especialidade vai escolher quando for para a formação especializada, mas, como a ULS Braga permite aos internos fazer um mês opcional numa especialidade cirúrgica, Tiago vai experimentar neurocirurgia. "Não posso dizer que já tenho uma especialidade decidida", confessa.
"Estou disposta a ir para qualquer sítio por aquela especialidade?"
Carolina Silva, formada na Universidade do Minho, e Ana João Gonzaga, da Universidade da Beira Interior mas natural de Viana do Castelo, escolheram a ULS de Braga para a formação especializada, na Gastrenterologia e na Medicina Interna, respetivamente. Ambas conseguiram ficar colocadas na primeira opção, tanto no local como na especialidade.
O processo até à formação especializada é, para Carolina Silva, "stressante e longo". O resultado da Prova Nacional de Acesso à Formação Especializada (PNA) é que define a ordem da escolha da especialidade dos estudantes, tanto a área como o local.
Depois de saber em que lugar foram colocados, já é possível ter uma ideia das possibilidades que vão ter. "Claro que há sempre surpresas, as pessoas escolhem o que querem e isso é um bocado imprevisível, mas conseguimos saber mais ou menos por aí e depois temos que definir prioridades. Estou disposta a ir para qualquer sítio por aquela especialidade ou preferia ficar perto de casa e da minha família e ir para outra [especialidade]?", explica Carolina.
"São dias muito complicados porque nunca depende só de nós, depende sempre da pessoa que está à nossa frente, porque essa pessoa pode escolher exatamente aquilo que nós queríamos e ficamos sem essa hipótese. Eu costumo dizer que só quem está em primeiro lugar é que está segura", admite Ana João.
A diferença da formação geral para a especializada
Foi no 'ano comum' que Ana João descobriu que pretendia Medicina Interna. A jovem acredita que a especialização é já um momento "muito mais sério". "Agora passo a ter mais responsabilidade. É o sentir que agora preciso de ser credível e que vou mostrar o que valho. Acho que a grande diferença é essa: percebemos que a nossa responsabilidade é um bocadinho maior, mesmo que sempre acompanhados, eu agora sou a médica do doente e posso fazer tudo por ele sem ter que estar sempre a pedir validação", afirma.
A médica aconselha os estudantes que estão a começar a formação geral a "aproveitar muito para aprender", porque "não há melhor ano para isso". "Podemos errar sempre, mas, no ano comum, podemos mesmo errar e só assim é que vamos aprender", refere.
Carolina Silva aconselha também a "focarem-se em aprender, estarem envolvidos nas equipas e no processo de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, também aproveitar para relaxar um bocadinho e esquecer o stress até à altura das escolhas de especialidade".