Academia 21.07.2021 18H17
Investigações made in UMinho recebem 2ME para os próximos 3 anos
Três projetos desenvolvidos na Universidade do Minho foram distinguidos no âmbito do “Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2021”, com bolsas entre os 500 mil euros e um milhão de euros.
O “Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2021” distinguiu, esta quarta-feira, três trabalhos de investigadores da Universidade do Minho com bolsas entre os 500 mil e 1 milhão de euros para os próximos três anos.
Em reação aos microfones da RUM, os investigadores responsáveis pelos trabalhos que colocam a academia minhota na linha da frente a investigação de ponta, sublinham o "reconhecimento" e "extrema importância" das bolsas que, não só, catapultam o nome da UMinho e sua investigação, como permitem a aquisição de equipamentos e contratação de recursos humanos.
O galardão é promovido pela Fundação” la Caixa” que este ano distinguiu 30 projetos, 12 deles em Portugal, sendo 7 cofinanciados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Este concurso anual nasceu em 2018 e já atribuiu 72 milhões de euros a 105 projetos de excelência na investigação básica, clínica e translacional na área das neurociências e das doenças cardiovasculares, infeciosas e oncológicas.
UMinho, INL e CSIC Madrid juntos para desenvolver um nanodispositivo de grafeno para compreender melhor o funcionamento do cérebro.
A investigação arranca em novembro de 2021, mas já foi premiada com 1 milhão de euros. Trata-se da maior fatia quando comparada com os dois outros trabalhos desenvolvidos na instituição de ensino superior minhota.
Pedro Alpuim, professor da Escola de Ciências da UMinho, pretende desenvolver a partir do INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, uma tecnologia "desafiante" que irá permitir compreender de forma mais precisa o funcionamento do cérebro, em especial, quando existem transtornos neurológicos.
Para criar este dispositivo será utiliza nanotecnologia de grafeno, biologia molecular e neuroengenharia. A partir daqui o trabalho passará por monitorizar as mensagens químicas e elétricas dos neurónios e, posteriormente, corelacionar as duas com "estímulos exteriores" que serão induzidos já numa fase final do projeto em ratinhos.
Fundação "La Caixa" e FCT atribui meio milhão de euros a investigação que aposta na "terapia fágica".
Joana Azeredo, do Centro de Engenharia Biológica, pretende, nos próximos três anos, impulsionar o trabalho no âmbito da manipulação genética de bacteriófagos, vírus inofensivos, de modo a tratar de forma rápida infeções bacterianas. Recorde-se que Portugal é o 4º país da Europa com as mais altas taxas de mortalidade por infeções crónicas geradas, em especial, pela resistência a antibióticos. Só em 2015 faleceram 1.158 pessoas.
O grupo coordenado por Jorge Pedrosa pretende desenvolver uma plataforma que permita gerar vírus sintéticos. Desta forma, será possível gerar, em menos de 24 horas, uma "solução específica para tratar infeções".
A investigadora revela, aos microfones da RUM, que 50% da verba arrecadada com este prémio será utilizada para a contratação de recursos humanos, 30% para consumíveis e ensaios “in vivo”, e 20% para equipamento.
A terapia fágica, através de bacteriófagos, já é utilizada em países como Bélgica, França e Holanda. Neste momento, estão a decorrer conversações para que tal possa ser uma realidade, num futuro próximo, em Portugal.
Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) está comprometido em descobrir a origem da depressão.
Nos próximos três anos, a equipa liderada por João Filipe Oliveira vai tentar pesquisar o papel dos astrócitos na comunicação com os neurónios, no contexto da depressão. O investigador garante que, nos testes já realizados em ratinhos, é percetível que "ao manipular estas células (astrócitos)", é possível criar uma certa resiliência aos processos que levam à depressão. Mecanismos que, acredita o investigador, podem vir a ser utilizados no tratamento, num estudo posterior, aos pacientes que sofrem desta patologia.
O trabalho ainda numa fase embrionária, irá canalizar a bolsa de 500 mil euros para a elaboração de experiências "complexas e dispendiosas", nas palavras de João Oliveira. O objetivo é descodificar o que se está a passar nos astrócitos, neurónios e outras células do cérebro. Numa primeira fase, a equipa vai estudar as células de forma independente. João Filipe Oliveira acredita que ao "perceber o diálogo entre as células do cérebro será possível perceber o que está a correr mal".