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Elsa Moura

Regional 02.04.2020 09H40

Já há famílias da comunidade brasileira em Braga a pedir ajuda

Escrito por Elsa Moura
Algumas tinham começado há pouco os seus negócios, outros perderam o emprego.
Alexandra Gomide, presidente da UAI - Associação de União, Apoio e Integração aos imigrantes da comunidade luso-brasileira em Portugal

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Há famílias no desemprego, muitas sem qualquer rendimento porque foram obrigadas a fechar negócios com poucos dias de vida, e há também quem esteja em Portugal sem que tivesse dado entrada no SEF. Vinte dias depois do encerramento de muitos estabelecimentos como restaurantes, salões de beleza ou lojas de roupa, algumas famílias brasileiras começam a procurar ajuda.


Alexandra Gomide, presidente da UAI - Associação de União, Apoio e Integração aos imigrantes da comunidade luso-brasileira em Portugal - conta que várias pessoas "ficaram desempregadas, foram dispensadas" o que já levou famílias a pedir "alimentos" à comunidade. "A sensação é de ficar sem chão, muitos sonhos de repente acabaram. Há uma sensação de insegurança daqui para a frente, tanto de quem veio empreender como quem veio para procurar um emprego aqui", conta.


O crescimento exponencial de famílias brasileiras no país, e em particular em Braga, verificava-se há cerca de dois anos. Alguns tinham chegado há pouco tempo e investiram no início deste ano na abertura dos respectivos negócios. Inauguraram e logo de seguida foram obrigados a fechar. Alexandra Gomide conta que foram três inaugurações na mesma semana e ficaram logo com tudo fechado. "São pessoas que acabaram de investir e precisavam de começar a facturar", explica.


Os investimentos da comunidade brasileira em Braga são muito diversificados, mas a área da restauração é das mais visíveis. Mesmo quem ficou com o serviço take-away, não tem conseguido grande margem. "O que acontece é que as pessoas também estão com medo de pedir e o resultado não tem sido assim tão satisfatório", conta.


Salões de beleza e estética, clínicas dentárias, clínica de fisioterapias, transfer e turismo, são algumas das áreas de negócio afectadas, também na comunidade brasileira.


Outra das preocupações está nas famílias brasileiras que tinham viajado para Portugal há pouco tempo. Quem tinha entrado com manifestação de interesse no SEF "ficou resguardado" e vai ter acesso aos apoios sociais. Mas, quem não tinha iniciado o processo no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras "está perdido", assume Alexandra Gomide.


A UAI continua o seu trabalho de apoio à comunidade brasileira. A presidente desta associação conta que tudo está a funcionar, mas online, dos serviços jurídicos ao apoio psicológico. Agora, a própria UAI está  a mobilizar-se para recolher alimentos e entregar junto das famílias que estão mais fragilizadas. Alexandra Gomide refere que as próprias igrejas estão mobilizadas nesta ajuda.


A acrescentar às preocupações dos brasileiros em Braga estão as respectivas famílias no Brasil. 

O número de mortos devido ao novo coronavírus nas últimas 24 horas no Brasil foi de 40, a que se somam 1.119 casos confirmados, o que eleva para 241 os óbitos e 6.836 os infectados, anunciou  esta terça-feira o Governo brasileiro.

Segundo o executivo liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro, a taxa de mortalidade da covid-19 no Brasil mantém-se em 3,5% e 90% dos óbitos foram registados em cidadãos acima de 60 anos.


Todas as regiões do Brasil têm mortes confirmadas pela covid-19, sendo que o sudeste continua a ser a mais afetada, com 4.223 infetados.Em relação aos estados, São Paulo é a unidade federativa com maior número de casos registados, totalizando 164 mortos e 2.981 casos confirmados da covid-19.


Segue-se o Rio de Janeiro com 28 óbitos e 832 infetados e o Ceará que contabilizou oito vítimas mortais e 444 casos positivos para coronavírus.Além de ser o estado mais afetado, São Paulo aguarda ainda testes em 201 pessoas que morreram, informou o governo estadual, acrescentando que o total de exames que esperam resultado é de 16 mil.


Devido ao atraso em disponibilizar os resultados dos testes que comprovam a doença, parte dos óbitos por infeção do novo coronavírus não aparece na contabilização diária feita pelo Ministério da Saúde.


Entretanto, Bolsonaro mudou o tom e já admite a gravidade da pandemia. 


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