João Baptista, candidato da CDU à Câmara Municipal de Braga nas eleições autárquicas de 12 de outubro, está convicto no reforço da votação desta força política, sustentando que a candidatura que lidera “não nasce por acaso”, uma vez que “há um sentimento grande de que a força da CDU é necessária e indispensável no poder local”.

O engenheiro civil de 52 anos é desde 2017 deputado na Assembleia Municipal de Braga e confirma, na primeira grande entrevista à RUM enquanto candidato, que a CDU se apresenta a votos com abertura para uma eventual distribuição de pelouros por diferentes representantes eleitos. Sustenta que a coligação PCP e Os Verdes foi ao longo do tempo provando aos munícipes que “não se nega a assumir responsabilidades” e que sempre que o fez o concelho de Braga beneficiou.

“Como sabemos, dos nossos antigos vereadores que assumiram pelouros, a CDU faz falta e sempre que assumir responsabilidades e sempre que formos chamados a fazê-lo, tendo condições concretas para o poder fazer, iremos assumir funções e trazer melhorias e uma mais-valia na concretização do projeto de autarquia que temos para a cidade de Braga”, declara.

João Baptista assume também que “é muito importante” o percurso autárquico que trilhou e que é de mais de vinte anos, primeiro no executivo da junta de freguesia de S. Victor (a convite, na altura, de Firmino Marques) e depois na Assembleia Municipal, “o palco onde tudo se passa”, tendo acesso a todos os dossiers que são também discutidos pelo executivo. “É muito importante a experiência adquirida nestes órgãos que nos permitem, de facto, estar à vontade para pegar na liderança da Câmara e poder desenvolver o nosso projeto”, acrescenta.

Desde 2013 que a CDU não falha a eleição de um vereador no executivo municipal. Apesar do decréscimo acentuado da votação em 2021 e do cenário pouco favorável da CDU contando com o resultado das últimas legislativas, João Baptista rejeita penalizações locais e lembra que o contexto autárquico é “diferente”.

“Sabemos que o que vale são as pessoas, os seus projetos, a confiança que têm em nós como cidadãos, como pessoas ativas de Braga e que nos reconhecem esse valor. E vamos acreditar que sim e conseguir ainda reforçar a nossa votação é o nosso objetivo”, atesta, dando como exemplo os contactos de pré-campanha com associações e cidadãos que tem levado a cabo.

Questionado sobre o número crescente de candidaturas à Câmara Municipal de Braga e uma eventual dispersão de votos, sobretudo à direita, o candidato da CDU considera que “quem tem que se preocupar mais com essa dispersão de votos é o candidato da coligação Juntos por Braga”, João Rodrigues, dando particular ênfase à candidatura independente de Ricardo Silva e à candidatura de Rui Rocha, da Iniciativa Liberal.

Sobre eventuais conversações para um entendimento alargado à esquerda, João Batista refere que para o PCP o parceiro natural é o partido ecologista Os Verdes.

“Nós entendemos que a nossa candidatura por si só vale e tem mérito próprio e não precisamos de ir a reboque de nenhuma candidatura de outros partidos”, referindo-se claramente ao Partido Socialista que apresenta como candidato António Braga, cujo programa João Baptista cola ao da coligação Juntos por Braga.

CDU desafia candidaturas a assumir distribuição de pelouros pela oposição

Entre os compromissos da CDU no plano da governação está a distribuição de pelouros. Se a CDU vencer admite chamar vereadores eleitos por outras forças políticas para assumir responsabilidades, e desafia os restantes a manifestarem o mesmo compromisso. João Batista justifica esta estratégia com o que diz serem bons resultados alcançados no passado sempre que a CDU aceitou assumir pelouros (o que aconteceu apenas com o PS de Mesquita Machado na gestão autárquica).

“O cenário primeiro que nos apresentou, de não haver maioria na futura Câmara e ser necessário haver ajustes com variações, é o cenário que nós estamos disponíveis para, havendo condições, havendo decisão do coletivo CDU de assumir os pelouros que nos forem atribuídos, iremos fazê-lo”, atirou em resposta à RUM para logo depois acrescentar: ”E o que eu digo é que se nós ganharmos a Câmara, iremos, e deixo esse desafio aos outros candidatos, que digam aqui se fazem o convite aos outros vereadores para assumir pelouros”.

Ainda sobre outros rostos já conhecidos, João Batista acusa Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, de se candidatar a Braga porque saiu da liderança do partido depois dos resultados nas últimas legislativas questionando até o seu interesse/conhecimento sobre o concelho e o seu trabalho enquanto deputado eleito por Braga nas últimas legislaturas.

“O candidato Rui Rocha foi mandatado pelos cidadãos de Braga para ser deputado na Assembleia da República e não me recordo, as vezes que sendo eleito deputado, andou aqui pelo distrito a contactar a população, a fazer as visitas, a fazer aquilo que os nossos deputados da CDU fazem muitas vezes, que é não haver um desligar do local que o elegeu, respeitando a decisão dos cidadãos e apoiando-os depois nas medidas que são tomadas em Lisboa. Posso dizer que o deputado Rui Rocha, como deputado na Assembleia da República, votou contra as nossas propostas do Orçamento de Estado de ligação por ferrovia Braga-Guimarães; Votou contra a ampliação da ala cirúrgica do Hospital de Braga. É um exemplo que lá são uma coisa e esquecem o distrito. Agora neste momento é candidato mas nunca esteve ligado a nenhum órgão deliberativo, executivo dos órgãos autárquicos ou alguma associação”, conclui.

João Baptista já apresentou publicamente a sua candidatura. Na ocasião apresentou, em simultâneo, Sandra Cardoso, candidata à Assembleia Municipal de Braga.

Ainda sem revelar os rostos que o acompanham na candidatura para o executivo municipal de Braga, João Baptista admitiu que todas candidaturas se deparam com desafios nas juntas de freguesia, antecipando, no entanto, que a CDU está perto de assegurar candidatos em todas elas.

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