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Redação

Internacional 04.11.2024 16H46

José Palmeira. “Tudo pode acontecer numa eleição aparentemente muito aberta”

Escrito por Redação
Para o professor da Ciência Política da UMinho, após o crescimento inicial de Kamala Harris, há uma aparente recuperação de Donald Trump, que, se perder, pode causar uma instabilidade parecida à ocorrida em 2020. 
A análise de José Palmeira à Rádio Universitária do Minho

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Donald Trump ou Kamala Harris. Os americanos vão regressar às urnas esta terça-feira, 5 de novembro, para escolher o presidente que vai ocupar o lugar de Joe Biden, na Casa Branca. A América e o Mundo vão conhecer o novo rosto para os próximos quatro anos daquela que continua a ser uma das principais potências mundiais. Com as sondagens a apontar empate técnico entre o candidato republicano e a democrata, para o professor da Universidade do Minho, José Palmeira isto significa que “tudo pode acontecer”. 


Aos microfones da RUM, o professor de Ciência Política da UMinho, aponta a uma aparente recuperação do candidato republicano, após o crescimento inicial de Kamala Harris, que “estará numa posição diferente, de numa certa estagnação”. Apesar disso, José Palmeira ressalta que em muitos momentos as sondagens não foram fiéis aos resultados finais.

Aponta ainda que as eleições normalmente se decidem em estados-chave, nos chamados swing states: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin, locais que tradicionalmente tendem a oscilar entre as preferências partidárias. A Pensilvânia, que conta com uma grande quantidade de eleitores, “pode ser decisivo”, na opinião do politólogo.



“O que determina o voto dos eleitores não são aspetos tão pontuais, mas mais estruturais”


Na passada semana, Donald Trump defendeu o comício onde o comediante e podcaster Tony Hinchcliffe descreveu Porto Rico como “uma ilha de lixo flutuante”, o que levou Jennifer Lopez e Luis Fonsi, entre outros, a declarar apoio à candidata democrata. Para José Palmeira, o que define o voto dos eleitores “não são aspetos tão pontuais, mas mais estruturais”, como a economia, por exemplo, que “deve ser um elemento central”, mas numa eleição aparentemente muito aberta, “tudo pode acontecer”.


Segundo o professor, existe uma “certa mitologia à capacidade de Donald Trump” na condução da economia, que defende um protecionismo, o que "aparentemente junto de um determinado eleitorado pode ser sedutor”. Entre os assuntos mais debatidos nas campanhas, estão o aborto, que “poderá dizer mais respeito às mulheres”, pelo lado de Kamala Harris, e a imigração, que atinge “as comunidades que se podem sentir ameaçadas pelos imigrantes”, tema que foi destaque na campanha do empresário que já foi presidente dos EUA.



“Se Donald Trump for declarado derrotado poderá mais uma vez não reconhecer o resultado”


Outra preocupação está na possibilidade de influências externas nas eleições americanas, o que, segundo o professor “terá acontecido no passado, mas que nunca vai haver evidência clara de que forma é que tal se processou”. Em relação aos apoios de cada lado, José Palmeira considera que a atual vice-presidente conta com mais apoios de figuras públicas, apesar de Donald Trump ter ao seu lado Elon Musk, que tem o controlo da rede social ‘X’ e tem realizado “polémicos sorteios para quem apoia o candidato republicano”.


Para o politólogo, caso o republicano não vença, “poderá mais uma vez não reconhecer esse resultado” e alegar várias ocorrências que poderão levantar dúvidas sobre o voto, quer por correspondência, quer presidencial. Isto, aponta, pode causar uma certa tensão durante esta terça-feira em determinados locais. “Já no passado não reconheceu a derrota e poderá ter algum interesse em criar alguma instabilidade durante o dia da votação”, refere.


José Palmeira analisa que Portugal e a Europa desejam “uma vitória de Kamala Harris, por representar a tradição dos Estados Unidos em privilegiar o elo transatlântico". Caso seja Donald Trump quem saia vencedor, a relação da União Europeia com os Estados Unidos "pode ficar mais complicada", antecipa. Para o professor, se este cenário se concretizar, estes países podem ser obrigados a “fazer um maior investimento em termos da sua segurança, na medida em que o chamado guarda-chuva norte-americano pode deixar de funcionar”, finaliza.



*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Elsa Moura

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