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Vanessa Batista

Internacional 30.11.2023 07H00

"Ligação ferroviária entre Galiza e Norte de Portugal é prioritária"

Escrito por Vanessa Batista
Quem o diz é a eurodeputada galega Ana Miranda. A RUM fez um retrato dos dois lados da Península Ibérica com os eurodeputados José Gusmão e Ana Miranda. Mobilidade, habitação e desemprego foram alguns dos temas abordados.
Declarações dos eurodeputados José Gusmão (Bloco de Esquerda) e Ana Miranda (Bloque Nacionalista Galego).

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A ligação ferroviária entre a Galiza e o Norte de Portugal é prioritária. Quem o diz é a eurodeputada Ana Miranda. A RUM esteve em Estrasburgo, no Parlamento Europeu, onde teve oportunidade de conversar com os eurodeputados de Espanha e Portugal, Ana Miranda e José Gusmão, de modo a fazer um retrato dos dois lados da Península Ibérica.


A ligação entre a Galiza e Braga é feita através do comboio Celta. Uma máquina com cerca de 50 anos e a diesel. A eurodeputada eleita pelo Bloque Nacionalista Galego lamenta que alguns governos espanhóis não olhem para Portugal.


"O problema está no Estado espanhol" que de acordo com a eurodeputada, não faz o necessário para que o plano de infraestruturas seja aprovado, enquanto que em Portugal o mesmo "já foi aprovado há dois anos". "É uma necessidade urgênte", sublinha. "O comboio Celta está muito velho e não facilita a mobilidade na Euroregião", conclui.


Do lado português, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) trouxe, uma vez mais, para discussão o projeto de alta velocidade. 


Atualmente, a ferrovia espanhola tem capacidade para percorrer 625 kms, entre Madrid e Barcelona, em 2h45. Já por terras lusas, o Alfa Pendular entre Braga e Lisboa, demora 3h28m mais atrasos, para percorrer 363 kms.


O eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda, José Gusmão, lamenta que os projetos não saiam do papel o que poderia, na sua ótica, criar mais emprego qualificado. "Tem existido uma grande falta de visão a esse nível", refere.


Questionado sobre o custo de excluir Guimarães da ligação pensada para a alta velocidade, o eurodeputado considera um erro, visto que a cidade berço conta com polos industriais importantes para a economia portuguesa.


"A grande vantagem do projeto de alta velocidade era que ele iria permitir ligar toda a zona litoral do país ao Norte de Espanha,  Lisboa a Madrid e ainda criar uma conexão eficiente para o transporte de mercadorias, ou seja, iria melhorar a nossa inserção no espaço económico europeu incluindo várias cidades que são absolutamente estratégicas para o setor dos bens transacionáveis", avança.


Eurodeputados culpam os governos nacionais pela falta de resposta ao problema da habitação.


Para José Gusmão, a habitação nunca foi verdadeiramente uma prioridade. "Fizemos o SNS - Serviço Nacional de Saúde, a escola e o ensino superior públicos e a segurança social, mas nunca fizemos um serviço público de habitação que permitisse ao estado intervir no mercado de arrendamento", diz. Para tentar contrariar a tendência generalizada para que a habitação deixe de ser um direito para passar a ser um produto, o bloquista defende a "proibição de venda de casas a estrangeiros".


Em Portugal o salário mínimo nacional cifra-se nos 760 euros, sendo que em janeiro do próximo ano irá aumentar para os 820 euros. Atravessada a fronteira, Espanha oferece um salário mínimo de 1.080 euros, contudo, a taxa de desemprego ronda os 11,6%, por terras lusas é de 6,3%. 


Ana Miranda diz-se preocupada com o desemprego jovem que ronda os 20%, pois não conseguem encontrar empregos estáveis. "Chegaram muitos fundos europeus para combater as consequências da pandemia. porque não chegaram para a juventude?", questiona. A falta de trabalho e os preços das casas tem levado muito jovens a emigrar.


Para José Gusmão é fulcral que sejam retomados os padrões de contratação coletiva, de modo a que Portugal consiga oferecer salários mais competitivos. 

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