Margarida Isaías, presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) considera "fundamental" aumentar a representatividade dos estudantes no Conselho Geral (CG), antecipando que esse desígnio se concretize com a revisão dos estatutos "ainda este ano de 2024".

Esta terça-feira à noite, na última entrevista ao Campus Verbal enquanto presidente da direção da AAUMinho, a dirigente foi  objetiva na importância desta alteração. Atualmente, com a maior representatividade de docentes e investigadores, "às vezes a discussão tende mais para as necessidades e dificuldades desse grupo" e como são menos os estudantes representados "não se sente tanto a voz". "Portanto, nós estamos presentes, mas às vezes falta sermos ouvidos", sublinhou, lembrando também que a maior comunidade na UMinho é de longe a de estudantes, com cerca de 22 mil, um número que merece outra atenção nestes órgãos. "essa maior representatividade iria permitir que, de facto, fossemos mais ouvidos", argumentou.

Alberto Martins, novo presidente do Conselho Geral da UMinho evidenciou na sua primeira reunião a importância dos estudantes neste órgão de governo da instituição, uma postura aplaudida por Margarida Isaías. Manifestando "grande satisfação" com a declaração do novo presidente que defende a importância da representatividade dos estudantes. "A nível da revisão dos estatutos e do RJIES foi um trabalho intenso e extenso que tivemos em 2023 e que infelizmente ainda não vimos resultados. Esperamos ver, de facto, um aumento da representatividade, porque somos a grande grande maioria das pessoas dentro da comunidade da universidade e, portanto, faz todo o sentido termos uma maior representatividade", insistiu.

"Conseguimos aproximar a Academia a todos os níveis durante este ano"

Margarida Isaías acredita que a direção da AAUMinho conseguiu atingir uma boa parte dos objetivos a que se propôs para o mandato que está prestes a terminar, lamentando constrangimentos financeiros que inviabilizaram algumas das pretensões. O lema era "aproximar a academia" a todos os níveis, recordou, começando por evidenciar a criação do novo cargo de gestão de serviços para os adequar mais aos estudantes. "Conseguimos fazer esse plano estratégico que pode ser utilizado no próximo ano", notou. 

Saída e regresso ao ENDA com novo modelo é uma das conquistas da atual direção da AAUMinho

A dirigente estudantil realçou algumas conquistas, nomeadamente a aproximação aos núcleos e grupos culturais, assim como a criação de clubes diversos, nomeadamente de leitura e de pintura. 

Em 2023 a AAUMinho saiu do Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA) e regressou recentemente. "No primeiro mandato saímos do ENDA com o compromisso de que íamos trabalhar para voltar e foi exatamente isso que fizemos. Conseguimos alterar o modelo de voto, negociamos e conseguimos também ser eleitos para o Conselho Consultivo da Juventude do IPDJ", exemplificou. A aproximação às cidades de Braga e Guimarães também é visto como um objetivo concretizado pela representante máxima dos estudantes da UMinho.

Margarida Isaías assume que os constrangimentos financeiros não permitiram fazer tudo. Notando que foi um ano "muito marcado por dificuldades financeiras" com a UMinho e os SASUM apostadas em reduzir o apoio à AAUMinho depois de consecutivos aumentos da inflação. A estudante lamentou ainda outros objetivos que ficaram aquém por questões burocráticas. "A UMinho tem de melhorar, perceber que devem existir mecanismos para ajudar os estudantes a concretizar as suas ideias", sugeriu ainda.

"A participação dos estudantes não é o que esperamos, mas os jovens por vezes são os que mais participam, nomeadamente nas eleições"

A participação dos estudantes universitários tem sido questionada ainda que alguns estudos revelem que os jovens são dos que mais participam nos processos eleitorais a partir dos 18 anos. A presidente da AAUMinho assume que o associativismo "é uma das primeiras formas de chamar os estudantes para a participação e atividade política e cívica". Margarida Isaías refere que a promoção do associativismo através dos núcleos e grupos culturais foi uma aposta das suas direções ainda que a participação nas eleições para os órgãos de governo da AAUMinho não seja a desejável.

"Às vezes é difícil juntarmos estudantes à luta e no encontro de soluções"

Nesta entrevista à RUM, a representante dos estudantes defende que esta participação deve ser fomentada mais cedo, ainda antes da entrada na universidade. Margarida Isaías assume que a grande maioria dos estudantes "conhece algumas das principais atividades da AAUMinho", mas nem tanto o "trabalho político" da estrutura estudantil. "Às vezes é difícil juntarmos estudantes à luta e no encontro de soluções", admitiu, realçando a aposta feita através da rubrica 'AAUMinho Presente' para ajudar a mudar estes comportamentos e aproximar a comunidade académica. "Surgiu para demonstrar o que vamos fazendo a nível político, explicar o que significa estarmos no conselho consultivo de juventude, o que é o passe sub-23 e o que significa, a nossa posição na defesa do reforço de apoio nas bolsas de estudo", exemplificou.

Questionada sobre a participação residual, nomeadamente nas RGA's e nos próprios atos eleitorais para a AAUMinho, Margarida Isaías admite que os núcleos de curso têm um papel importante na auscultação dos alunos, dada a sua proximidade e que este tem sido um dos veículos para a AAUMinho chegar a mais estudantes. "Formar os líderes foi uma prioridade nossa e ajuda no aumento da participação porque quando conhecemos, queremos participar", argumenta.

Já sobre o voto eletrónico para as eleições aos órgãos de governo da AAUMinho "traz muitos benefícios" e deve continuar, defende a estudante, apesar da participação não se ter alterado, de forma significativa através desta ferramenta.

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