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Fonte: Tiago Maya/Visual Arts
Tiago Barquinha

Cultura 28.06.2021 16H31

M'Bakassy sucede a Pepetela como vencedor do Prémio dstangola/Camões: “É surreal”

Escrito por Tiago Barquinha
Ganhou com a obra de estreia ‘Eutópsia eutopia Virada do Eu Verso’.
Benjamim M'Bakassy em entrevista à RUM.

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Nunca tinha publicado uma obra literária e agora sucede a Pepetela como vencedor do Prémio de Literatura dstangola/Camões. Benjamim M’Bakassy vai receber o prémio, cujo valor é de 15 mil euros, no dia 9 de julho, no Centro Cultural Camões, em Luanda, cidade onde o autor nasceu.


‘Eutópsia eutopia Virada do Eu Verso’, texto dramatúrgico que deu a vitória ao docente de Ética Empresarial, aproxima-se de “um jogo de palavras” que acabam por se complementar. “Nenhuma das personagens tem um nome. Elas são categorias. A personagem principal faz um monólogo inicial e descreve o momento pelo qual está a passar. Surgem também outras três personagens - amante, suicida e suicídio - que representam um estado de existência e que ajudam a descrever aquele momento”, explica o dramaturgo.


Em entrevista à RUM, Benjamim M’Bakassy, que se inspira em autores como Samuel Beckett ou Alberto Pimenta, apresenta-se como um escritor que “explora o significado das palavras e das coisas e a forma como se relacionam”.

O escritor participou em 2016 no festival Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim e, entre 2014 e 2020, publicou mais de uma centena de colunas em jornais angolanos, sendo editor para Angola da revista E3 e colunista no Jornal da Comunidade Científica de Língua Portuguesa ‘A Pátria’, desde 2018.


Perspetivando o futuro, o escritor adianta o objetivo de encenar a obra ‘Eutópsia eutopia Virada do Eu Verso’ e refere que tem mais oito textos preparados, no campo da dramaturgia, da poesia e do ensaio, para serem publicados. “Espero continuar a escrever porque é algo sem o qual não consigo viver. Espero que este privilégio de vencer o prémio possa trazer oportunidades que até agora não tive”, confidencia.



"O que significa suceder a Pepetela? Ainda não sei"


O Prémio de Literatura dstangola/Camões foi instituído em 2019, no âmbito do protocolo Empresa Promotora da Língua Portuguesa entre o Camões, I.P. e o dstgroup, para apoiar o Centro Cultural Português em Luanda, onde foi criada a sala de leitura dstangola.


Distinguiu na primeira edição o poeta angolano Zetho Cunha Gonçalves, com a obra ‘Noite Vertical’, seguindo-se o sociólogo e escritor Pepetela na edição do ano passado, com o título ‘Sua Excelência de Corpo Presente’.


Sucedendo a estes nomes, que “fazem parte da história da literatura angolana”, Benjamim M’Bakassy considera ser “surreal”. “Olhar para mim como parte dessa história é algo que ainda não consigo explicar. O que significa suceder a Pepetela? Ainda não sei. Espero vir a descobrir”. 

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